A desinformação em saúde consolidou-se como um dos principais desafios contemporâneos para a proteção da vida, a confiança na ciência e o fortalecimento da democracia, exigindo respostas que integrem a comunicação científica, a educação midiática e o pensamento crítico. Foi com esse enfoque, que a Coordenação de Divulgação Científica (CDC) da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação(Vpeic/Fiocruz) realizou (18/12) a 15ª edição do Encontro Virtual de Divulgação Científica, transmitido ao vivo pelo canal da VideoSaúde no YouTube. Com mediação da jornalista Elisa Andries, do Gabinete da Presidência da Fiocruz, o encontro aprofundou o tema Desinformação e Divulgação Científica.
A reunião contou com a participação dos pesquisadores Luisa Massarani (INCT-CPCT e COC/Fiocruz), Marianna Zattar (Icict/Fiocruz) e Manoel Barral-Netto (Fiocruz Bahia). As três edições promovidas em 2024 consolidaram o espaço como fórum institucional de reflexão sobre divulgação científica, a partir da abordagem de diferentes temas. Neste último encontro, o foco recaiu sobre a retomada das campanhas nacionais de vacinação após a queda das coberturas nos últimos anos, a saúde mental, o agravamento da desinformação durante a pandemia de Covid-19 e a politização sobre como a imunização passou a fazer parte de lutas políticas e sociais no debate público.
Luisa Massarani apresentou os resultados de projeto que investiga como a desinformação em saúde afeta as populações em situação de vulnerabilidade, especialmente povos indígenas, quilombolas e pessoas idosa. O estudo busca entender como esses grupos acessam esses conteúdos e o impacto em suas vidas comunidades. “Investigamos a saúde em geral, em especial, a questão das vacinas e da saúde mental. Trabalhamos com três povos indígenas – Potiguara, no Rio Grande do Norte; Canela, no Maranhão; e o Baniwa, no Amazonas, além de idosos. Percebemos a forte influência de redes sociais como Tik Tok e Kwai como fontes de informação entre os indígenas e observamos o papel fundamental dos agentes de saúde que têm garantido a vacinação, mantendo a situação, em alguma medida, mais sob controle”, comentou Luisa Massarani, coordenadora do estudo.
Logo em seguida, Manoel Barral-Netto apresentou as diferenças entre a desinformação não intencional e a intencional e a quais os interesses que embasam esta segunda forma. Segundo ele, a desinformação não intencional ocorre quando algo já ultrapassado é disseminado, mas sem a intenção clara de obtenção de vantagens. Para ele, no outro campo, separado por uma linha muito tênue, está a desinformação intencional que visa obter vantagem. Ele cita que há desinformação com interesse em várias áreas, como a economia. “Quando você desestima, relativiza ou até torna quase irrelevante os aspectos da mudança climática, os segmentos dos produtores de petróleo claramente têm vantagem. Esse tipo de estratégia deixa a sociedade confusa e enfraquece a necessidade de controle da crise climática”, destacou Barral.
O pesquisador também destacou a importância da educação midiática para enfrentar o problema. “A educação deveria levar à capacidade de a pessoa analisar as informações, buscar fontes confiáveis para ter segurança do que está ouvindo, antes de tomar uma decisão ou assumir alguma posição. O ensino precisa ser repensado no sentido de criar esse espírito crítico, especialmente no setor da saúde. O profissional de saúde interage com segmentos populacionais diversos. Se ele não tem uma visão correta do conhecimento científico e não busca a atualização constante, pode desinformar. Às vezes, de forma não intencional, mas também danosa para a população”, ressaltou o pesquisador.
Para encerrar o encontro, a pesquisadora Marianna Zattar apresentou seu trabalho Educação em informação e educação midiática: laços fortes da ciência e destacou a relevância das atuais práticas informacionais na construção da desinformação. “Não dá para falar de desinformação colocando o compartilhamento da informação falsa apenas na conta da outra pessoa. Todos nós, que estamos aqui pensando sobre desinformação, somos potencialmente pessoas que podem, no mínimo, receber uma informação falsa. E aí a questão será o que faremos com esses conteúdos”, pontuou.
A pesquisadora abordou ainda o uso da desinformação como forma de deslegitimação ideológica por meio de propaganda desonesta. “A desinformação intencional e o discurso de ódio têm a carga de promoção da ideia, de propaganda de uma ideologia. A partir da emoção, da angústia, a desinformação pode gerar o medo relacionada a outra pessoa. Na campanha de 2018 para a presidência, foi falado sobre kits relacionados a algum tipo de sexualidade para crianças. Uma pessoa que tinha algum tipo de preconceito de ordem de gênero, por exemplo, poderia ter sido afetada com essa desinformação”, explicou.
O 15º Encontro Virtual de Divulgação Científica da Fiocruz finalizou sua última edição com questões dos participantes do Fórum de Divulgação Científica da Fiocruz, que acompanhavam por uma plataforma, e o público que participou pelo YouTube. Três outros encontros serão realizados em 2026.
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