Com participação direta do Acre, por meio da Secretaria de Estado da Saúde do Acre (Sesacre), um relatório inédito reúne o trabalho de 24 autores, vinculados a 13 instituições, e consolida 20 anos de dados sobre zoonoses, parasitos e saúde silvestre no país. O estudo integra o projeto Redes Socioecológicas e amplia a base científica para políticas de saúde pública, vigilância epidemiológica e conservação ambiental.
A coordenação do relatório ficou a cargo de pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), da Plataforma Internacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PICTIS) — parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade de Aveiro, em Portugal —, da Universidade Complutense de Madri, na Espanha, e da SSC. Além da Sesacre, assinam o estudo especialistas da Fiocruz Amazônia, Fiocruz Rondônia, Ministério da Saúde, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério da Agricultura e Pecuária, Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária (Panaftosa), Universidade Federal da Paraíba e Universidade de Jerusalém, em Israel.
Os resultados foram organizados em dois grandes conjuntos de dados, disponibilizados online em acesso aberto. O primeiro compila informações sobre parasitos detectados em mamíferos silvestres no Brasil, detalhando distribuição espacial, interações parasito-hospedeiro, características dos animais e potencial de transmissão para humanos. O segundo reúne registros de doenças zoonóticas em pessoas, associados a variáveis ambientais, climáticas e socioeconômicas dos municípios brasileiros ao longo de duas décadas.
Para a construção do banco de dados, os pesquisadores analisaram artigos científicos e acervos de sistemas oficiais como o Sistema Único de Saúde (SUS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SIBBr), ICMBio, IUCN, MapBiomas e a agência espacial norte-americana NASA, entre outros.
As análises do relatório Panorama da Saúde Silvestre indicam que a perda de vegetação em áreas remotas, especialmente onde há alta riqueza de mamíferos, está associada ao aumento de zoonoses. Em sentido oposto, maior cobertura vegetal e arborização urbana reduzem o risco de transmissão. No caso da doença de Chagas, causada pelo Trypanosoma cruzi, o estudo identifica como fatores preditores de risco a maior proporção de roedores, a redução da diversidade de espécies silvestres e a diminuição da cobertura vegetal natural.
Mapas e gráficos também evidenciam a circulação de patógenos relevantes para a saúde humana e animal, como flavivírus e orthobunyavírus detectados em primatas do gênero Sapajus, além da distribuição municipal de dez agravos zoonóticos, entre eles malária, leishmanioses, leptospirose, febre amarela e raiva. Os dados revelam ampla disseminação dessas infecções no território nacional.
Apesar de ser o mais abrangente levantamento já realizado sobre saúde silvestre no Brasil, o estudo aponta desigualdades regionais na produção científica: mais de 40% das publicações concentram-se no Sudeste, enquanto Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul respondem por menos de 20% cada. Para os autores, a participação de estados como o Acre reforça a importância de ampliar pesquisas nas regiões historicamente menos estudadas, aprofundando o entendimento das interações entre biodiversidade, território e saúde pública.
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