“Certo dia eu falei para a minha esposa me levar no hospital medir a pressão. Chegando lá tive um mal súbito e fiquei uma semana desacordado. Quando voltei não lembrava de nada, não reconhecia ninguém. Ali começava minha luta de 1 ano e meio na fila por um transplante, com uma expectativa de vida de no máximo 2 anos caso não conseguisse”. Esse foi o relato de Sebastião da Conceição, que venceu a doença diagnosticada em 2023, com um transplante de fígado em maio de 2025.
O participante da 2ª Caminhada Passos pela Vida – Juntos pela Doação de órgãos e tecidos, da qual a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) foi parceira, lembrou que os dias de luta chegaram ao fim pela solidariedade de uma família que, mesmo no momento de dor da perda de uma pessoa querida, doou os órgãos e pôde salvar sua vida e de outras pessoas com os órgãos que puderam ser reaproveitados com a compatibilidade de quem aguarda ansiosamente.
Durante o evento, realizado na manhã deste domingo (21) no Parque dos Poderes, inúmeros foram os discursos pela conscientização da doação, que ainda é menor que o número de órgãos aptos a serem doados, como mostra o último levantamento de dados do Ministério da Saúde, com a evolução de 2001 a 2023. A lista de espera por um órgão em 2023 somou 41.560 pessoas no Brasil à espera de coração, fígado, pulmão, rim, pâncreas, pâncreas+rim, intestino e multivisceral, além de outras 26.905 pessoas na espera por uma córnea.

Setembro Verde

O evento faz parte da programação do “Setembro Verde”, alinhado à Semana Estadual de Doação de Órgãos e Tecidos, instituída pela Lei Estadual 5.410/2019, realizada anualmente de 21 a 27 de setembro, que passou a integrar o Calendário Oficial de Eventos por proposição do deputado Renato Câmara (MDB). Desde 1993, O Parlamento Estadual tem trabalhado para conscientizar a população sul-mato-grossense sobre o assunto. Além disso, o 3º sábado do mês de setembro é marcado pelo Dia Mundial do Doador de Medula Óssea, data que reforça a necessidade desse gesto solidário, capaz de salvar vidas.
Em discurso na abertura da caminhada, Renato Câmara ressaltou a importância de deixar a família avisada. “O objetivo é quebrar barreiras de preconceito, que é um grande problema para que a gente possa ter acesso a mais órgãos e, com isso, salvar mais vidas. A equipe técnica e a estrutura para fazer os transplantes crescem a cada dia. O limitador é o acesso, é a autorização das famílias para que possam dar essa condição para que tudo isso aconteça. Então, esse evento com a parceria com o Governo do Estado e com várias instituições, como a Assembleia Legislativa, está cumprindo o seu papel de ser útil à nossa sociedade em prol de uma causa tão importante. Converse sobre esse tema com sua família, sua esposa, seu filho, avise que você quer ser um doador”, destacou o deputado Renato Câmara em discurso.
Doações via SUS
O Brasil é referência mundial na área de transplantes e possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Em números absolutos, o Brasil é o segundo maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. A rede pública de saúde fornece aos pacientes assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante, via Sistema Único de Saúde (SUS).
Da mesma forma, o SUS é responsável por colocar o Brasil no 3º maior registro de doadores voluntários de medula óssea do mundo. Atualmente, mais de 5,9 milhões de brasileiros estão cadastrados no sistema Redome, que é gerido pelo Ministério da Saúde e financiado integralmente com recursos públicos, com apoio técnico do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

na lista de transplantes de fígado
De acordo com a coordenadora da Central Estadual de Transplantes de Mato Grosso do Sul (CET-MS), Claire Carmen Miozzo, Mato Grosso do Sul está em 4ª lugar no país em transplante de fígado, por número de habitantes. “O brasileiro é solidário, as famílias são solidárias e o que nós gestores queremos é disponibilizar mais informação para que elas entendam que somente a família pode assinar a autorização da doação. Então converse com seus parentes de 1° e 2° grau e reforce essa mensagem de amor”, disse Claire.
Saúde
A atividade física é um dos pilares para uma boa saúde e a caminhada foi um start para quem precisa se cuidar e manter a qualidade de vida. Representando a Fundersporte, Edmeia Pacheco destacou que o tema sensível começa com o incentivo à mais saúde e mais vida. “Aqui unimos as forças com essa causa, para lembrar que é preciso cuidar também em vida. Nós queremos trazer qualidade de vida, então nada mais importante que juntar por essa caminhada. Essa causa tão nobre, quero dizer que muitos transformam órgãos em cinzas ou embaixo de uma terra. Quem estiver nesse parque toque seus corações e avise que quer doar. Podemos trazer vidas para cima da terra. Que a vida seja parte desse parque aos finais de semana como hoje”, enalteceu.
Saiba mais:
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