Brasil tem alta de anafilaxia e segue sem caneta de adrenalina-radardasaude

Joabe Antonio de Oliveira

08/11/2025

Internações por reações alérgicas graves mais que dobraram em 10 anos, mas dispositivo segue fora do mercado nacional

Os casos de anafilaxia aumentaram mais de 100% no Brasil em 10 anos, segundo dados da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia). Em 2024, foram registrados 1.143 episódios no país, um aumento de 107% em comparação a 2015. A anafilaxia é uma reação sistêmica que pode causar queda de pressão, falta de ar e até morte por colapso cardiovascular.

“As alergias em geral estão em ascensão em todo o mundo. Alterações no estilo de vida e as mudanças climáticas são alguns dos fatores que explicam esse aumento, mas a melhor divulgação e o conhecimento sobre a gravidade da anafilaxia também podem estar por trás do maior número de internações”, diz a pediatra Fátima Rodrigues Fernandes, presidente da Asbai.

Mas, se as internações por esse quadro grave vêm crescendo em um ritmo acelerado no país, um dos principais recursos de combate a essa ameaça segue indisponível por aqui: as canetas de adrenalina autoinjetável. No exterior, esses produtos são vendidos com nomes como EpiPen, Jext e Anapen, e são considerados por alergistas o padrão-ouro para o atendimento de emergências.

A epinefrina —hormônio mais conhecido como adrenalina— é usada como resposta a crises agudas causadas principalmente por gatilhos alimentares, medicamentosos ou de picadas de insetos. Abre as vias respiratórias e interrompe a ação exagerada do sistema imunológico que iniciou a crise alérgica. “A caneta de adrenalina não é apenas necessária, ela é indispensável. É ela que vai impedir o óbito por uma reação grave e permitir que o paciente seja tratado”, declara a alergista Bárbara Britto, da equipe de imunologia do Einstein Hospital Israelita.

No Brasil, interessados devem solicitar a importação, muitas vezes judicialmente, e pagar aproximadamente R$ 3.000 pelo medicamento. Para quem não tem essa possibilidade, o único jeito de receber adrenalina é em tratamento nas emergências hospitalares, onde a substância é administrada com seringas e ampolas.

Em alguns casos especiais, é possível levar esses medicamentos com autorização para casa, mas com toda a dificuldade de administrá-los na dose correta perante emergências, é raro haver essa liberação. “Sem as canetas, os pacientes ficam desprotegidos, correndo risco de morte decorrente de uma possível reação”, diz Fernandes.

O problema é que esse modo de administração da caneta de epinefrina não foi registrado na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o que impede sua comercialização no Brasil. “O acesso depende de importações pontuais e os problemas nas regras de precificação que poderiam afetar a comercialização do dispositivo também afastam as farmacêuticas”, afirma a presidente da Asbai.

Em nota enviada à Agência Einstein, a Anvisa confirma que nunca foi registrado um processo de pedido de reconhecimento do produto. Diz que o órgão “só pode autorizar um registro após o pedido de uma empresa interessada em produzir ou importar o medicamento, o que não ocorreu até o momento”.

A urgência de um “salva-vidas” portátil 

Diante de um quadro de anafilaxia, a adrenalina é o único medicamento capaz de reverter os sintomas. A dose administrada pela caneta é segura e deve ser usada assim que os primeiros sinais da reação aparecem em quadros graves.

Os efeitos colaterais são leves e aparecem mais quando há um uso acidental. “A dose do autoinjetor é pequena, desenhada para evitar efeitos colaterais graves. O mais comum é ter tremores ou taquicardia leve. O risco de não usar é muito maior”, declara Britto.

Adultos geralmente precisam portar duas canetas, para repetir a dose após alguns minutos, se necessário. A aplicação é intramuscular e deve ser feita na região da coxa, por causa do tamanho da agulha. “Dói bastante”, diz a médica do Einstein. “Mas sempre damos instruções de como usar corretamente para os pacientes, já que os aplicadores também alteram o funcionamento da caneta, que muda alguns detalhes a depender da marca. O uso é fácil, mas como costumam ser casos graves os que precisarão dela, é importante ter muita segurança na hora de usar”.

Esforços para nacionalizar

Em 2024, um grupo de pesquisadores brasileiros liderado pelo médico Renato Rozental, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), anunciou durante o Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia o desenvolvimento de um protótipo da 1ª caneta nacional de adrenalina autoinjetável. Apesar da boa notícia, não tem escala industrial para pleitear o registro na Anvisa.

Para a Asbai, porém, é urgente a regulamentação de algum dispositivo como esse para permitir o uso no SUS (Sistema Único de Saúde). “O ideal seria termos essa caneta em escolas, restaurantes, locais de eventos, aviões. A presença do autoinjetor em espaços públicos poderia reduzir mortes por anafilaxia”, diz Fátima Fernandes.

Há ainda projetos de lei que tramitam no Congresso para acelerar a produção e distribuição de canetas a brasileiros com risco comprovado de reação alérgica grave. Decisões judiciais também têm favorecido os pacientes.

Em São Paulo, o MPF (Ministério Público Federal) foi atendido pela Justiça em decisão tomada em 23 de outubro para que a rede pública de saúde de Ribeirão Preto (SP) e de 23 municípios nos arredores da cidade passe a distribuir a epinefrina autoinjetável a pacientes que já contam com prescrição médica para recebê-la.

“O dispositivo salva vidas e deveria estar acessível como qualquer medicação essencial”, afirma a presidente da Asbai. Para alergistas e seus pacientes, cada minuto sem a caneta representa um risco evitável de complicações.


Com informações da Agência Einstein.




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