Após um intenso trabalho nos últimos meses, o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Infantojuvenil de Venâncio Aires conquistou a classificação para o desenvolvimento de um projeto de supervisão institucional promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Ministério da Saúde. A iniciativa selecionou um total de 300 projetos de todas as regiões do Brasil.
A supervisão institucional visa a qualificação dos profissionais e desenvolvimento do trabalho que abrange as políticas de saúde mental. A seleção para esta chamada pública incluiu as etapas de entrega de documentos, elaboração de uma proposta de trabalho e a indicação do profissional responsável pela supervisão.
Segundo a responsável pela área de Saúde Mental de Venâncio Aires, Ana Cláudia do Amaral Teixeira, projetos do Caps Álcool e Drogas (AD) e Caps II também foram inscritos, mas não foram classificados. “Mesmo assim, já estamos muito felizes, sabendo que teremos o acompanhamento de um especialista na área da infância para avaliar nosso trabalho e indicar melhorias”, destaca.
Ana Cláudia explica que a iniciativa é um importante instrumento de apoio, especialmente diante da limitação de políticas e programas federais para o setor.
Conforme explica a enfermeira coordenadora do Caps Infantojuvenil, Cristina Telles, o projeto terá foco especial nas ações de matriciamento que incluem escolas e unidades básicas de saúde de Venâncio Aires. Ela observa grande demanda de problemas mentais na infância e na juventude, o que necessita de ações de diversos setores.“São variadas situações que se apresentam, não tem uma receita única de trabalho”, considera.
Saiba mais
- O supervisor institucional indicado pelos Caps e selecionado pelo projeto da Fiocruz receberá R$ 4 mil mensais, por um período de meio ano, com possibilidade de renovação por igual período.
- A supervisão será realizada semanalmente pelo profissional externo, que possui qualificação na área de saúde mental, álcool e outras drogas.
Organizador da rede de saúde mental
O Caps é um centro de atenção psicossocial que oferece tratamento voltado ao sofrimento psíquico intenso, transtornos mentais graves e persistentes e problemas com uso de álcool e outras drogas. Anterior a reforma psiquiátrica, o tratamento acontecia pela via do confinamento e institucionalização. Hoje, com cuidado contínuo, acolhimento e integração comunitária, os Caps estruturam o cuidado em saúde mental e fortalecem a rede de apoio.
A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é composta por uma série de serviços para atender às diversas demandas. Entre eles, está o Caps II, o Caps AD, o Centro Integrado em Educação e Saúde (Cies), as unidades básicas de saúde, Conselho Tutelar, Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) e o Centro de Referência de Assistência Social (Cras).
Abrangência
O Caps Infantojuvenil de Venâncio Aires, atende crianças e adolescentes com até 18 anos e é referência para os municípios de Vale Verde, Mato Leitão e Passo do Sobrado. O caminho para o cuidado inicia pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e as Estratégias de Saúde da Família (ESFs), que identificando as necessidades, encaminhando para acolhimento no serviço. “Isso garante que quem realmente precisa de atendimento consiga receber o tratamento adequado”, reforça Ana Cláudia do Amaral Teixeira.
Equipe
O Caps conta com uma equipe multidisciplinar composta por dois psicólogos (20h), uma enfermeira (40h), uma psiquiatra (10h), uma assistente social (20h) e uma atendente de unidade de saúde (40h). Os serviços realizados envolvem acolhimentos, atendimentos psicológicos, atendimentos em grupos, apoio às escolas, oficinas terapêuticas (violão, dança e música) e consultas psiquiátricas.
Preocupação

Com mais de 2 mil atendimentos realizados no último ano, Cristina Telles afirma que o número de crianças e adolescentes com transtornos mentais e sofrimentos graves têm aumentado: “Vivemos uma pandemia de transtornos mentais infantojuvenis”. Segundo ela, as novas formas de se conviver, a inserção da tecnologia no nosso dia a dia, o ritmo de trabalho exigido e a falta de tempo, tem influenciado nas novas problemáticas da infância e da adolescência.
Conforme Cristina Telles, a infância é uma fase sensível e é marcada por intensas transformações, em que cada experiência vivida pode deixar marcas duradouras. Por isso, exige atenção especial e cuidados constantes, já que o modo como a criança é acolhida e estimulada influencia diretamente no desenvolvimento. As ações e investimentos realizados neste período não se refletem apenas no bem-estar individual, mas, reverberam na saúde e na qualidade de vida de toda comunidade. Por isso, a importância dos investimentos públicos e comunitários para esse público.
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