
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Priscila Ferraz Soares, o secretário de saúde do Distrito Federal, Juracy Lacerda, o secretário executivo do Conass, Jurandi Frutuoso e o presidente do Conasems, Hisham Hamida, participaram nesta terça-feira (9), em Brasília (DF), da inauguração da biofábrica de Wolbachia.
Com a iniciativa, o Distrito Federal e os municípios de Valparaíso de Goiás (GO) e Luziânia (GO) passam a implementar oficialmente a tecnologia voltada à redução dos casos de dengue, Zika e chikungunya.
Durante a inauguração, o ministro destacou que, neste ano, o Brasil obteve uma vitória importante contra a dengue, com redução de 75% nos casos e de mais de 73% dos óbitos no primeiro semestre, período de maior transmissão da doença. Esses resultados, segundo ele, não são motivo para o País baixar a guarda, mas, sim, para aproveitar esse bom momento e conscientizar a população. “Uma das ações para a redução da dengue é, justamente, o uso de novas tecnologias. Aqui no DF e em Goiás, a biofábrica vai impactar mais de 758 mil pessoas. Só estamos fazendo isso porque o Brasil assumiu o desafio de ser o Brasil com ‘S’ de SUS, de Saúde e de Soberania. Nós vamos ensinar o mundo como combater a dengue”, afirmou Padilha. O ministro reforçou ainda que o próximo passo do Ministério da Saúde no combate à doença também envolve tecnologia: “o Brasil está desenvolvendo, em parceria com o Instituto Butantan, uma vacina 100% nacional para combater a dengue”, disse.
Para Juracy Larceda, o Distrito Federal dá um passo muito importante no enfrentamento às arboviroses com a assinatura deste termo de cooperação entre o Ministério da Saúde e a Fiocruz. “A estratégia da Wolbachia já demonstrou resultados expressivos em diversos países e regiões onde foi implementada. Sabemos que se trata de uma ação com impacto de médio e longo prazo, mas que, quando bem conduzida, pode trazer grandes benefícios para a saúde pública”, comentou.
Para ele, esse é um exemplo claro de como a ciência e a tecnologia, quando aplicadas de forma integrada às políticas públicas, tornam-se instrumentos poderosos na defesa da saúde da população.
Hisham ressaltou que não adianta continuar utilizando os mesmos métodos de enfrentamento, porque o próprio mosquito se atualizou. “O que antes era apenas a dengue tipo 1, hoje já se multiplicou em diferentes sorotipos, 1, 2, 3, 4, além da Zika e da Chikungunya. Por isso, não podemos permanecer com o mesmo modelo de combate”, frisou.
Ela disse ainda que esse é o marco histórico para o sistema de saúde, a incorporação de novas tecnologias. O objetivo é apoiar o trabalho dos agentes de campo, oferecendo ferramentas inovadoras que complementa, e não substituam os métodos tradicionais. “Trata-se de somar forças. Assim como a vacina, que é fundamental e exige que garantam tanto a primeira quanto a segunda dose, essas inovações chegam como mais um aliado estratégico no combate”, reforçou.
A escolha dos municípios prioritários para receber a tecnologia Wolbachia é definida pelo Ministério da Saúde com base em indicadores epidemiológicos, ou seja, na ocorrência de casos de arboviroses em padrões elevados nos últimos anos.
Os mosquitos liberados no Distrito Federal, em Valparaíso de Goiás e em Luziânia são produzidos na biofábrica inaugurada em julho de 2025, em Curitiba (PR), com capacidade para gerar até 100 milhões de ovos por semana.
Para ampliar a eficácia da estratégia, é essencial que a população mantenha os cuidados tradicionais contra o Aedes aegypti, como evitar o acúmulo de água parada, em conjunto com as ações dos Agentes de Combate às Endemias.
Sobre a tecnologia
O método consiste na produção de mosquitos Aedes aegypti infectados com Wolbachia, uma bactéria presente em mais da metade dos insetos do mundo, que não transmite doenças e impede o desenvolvimento da dengue, Zika e chikungunya dentro do mosquito, reduzindo significativamente sua capacidade de transmissão.
Quando liberados no ambiente, esses mosquitos se reproduzem com os mosquitos selvagens, gerando novas populações com menor potencial de transmissão das arboviroses. Com o tempo, a presença da Wolbachia aumenta naturalmente, tornando desnecessárias novas liberações.
A tecnologia já foi implementada com sucesso em diversas cidades do Brasil e do mundo, com resultados expressivos. Em Niterói (RJ), por exemplo, os dados mais recentes apontam redução de até 88,8% nos casos de dengue.
—
Assessoria de Comunicação do Conass, com informações do Ministério da Saúde
Source link