Victória Holzbach, do MAB, na AFN
Nesta sexta-feira (14/11), a Cúpula dos Povos, evento paralelo à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em Belém (PA), sediou o seminário Atingidos e Atingidas na luta popular por saúde e territórios seguros e saudáveis, com a presença de atingidos de vários países e participação da Fiocruz. Há oito anos, a parceria histórica do MAB com a Fiocruz permite que se olhe de forma mais atenta para a saúde dos atingidos por barragens e pela crise climática em todo o Brasil. Isso possibilita construir em cada território um diagnóstico de saúde da população atingida, buscando formas de incidir na construção de políticas públicas e de garantias de cuidado com a sua vida e realidade.
Durante o encontro, o representante da coordenação nacional do MAB, Leonardo Maggi, abriu o evento pontuando a urgência de se avançar na construção de políticas a favor dos atingidos e ressaltou que este é o momento propício para discutir direitos sobre a nossa saúde dos atingidos e sobre a reparação que estamos esperando, ressaltou.
Leonardo também alertou sobre a propagação de energias vistas como ecológicas, e citou o aumento das placas solares nos territórios. “Querem aumentar em 15 vezes a quantidade de placas solares no mundo. Isso também vai produzir novos atingidos”, pontuou.
Geoffrey Kamese Nansove falou sobre a saúde em Uganda e de como as barragens afetam diretamente a saúde da população, lembrando que as pessoas morrem na construção ou sofrem acidentes graves, como mutilação.
O seminário apresentou algumas parcerias construídas para somar forças no cuidado da saúde da população atingida por barragens e por mudanças climáticas. Cleidiane Barreto, da coordenação do MAB na Bahia, explicou que um deles, em parceria com a Fiocruz, é específico para as mulheres. “Estamos em um sistema que luta contra o capitalismo e o patriarcado, e vivemos uma opressão que pesa muito mais contra as mulheres”, disse ela.
Outra iniciativa importante é viabilizada também pela parceria com a Fiocruz em conjunto com o Ministério da Saúde, com o objetivo de traçar um diagnóstico participativo, com escutas ativas, para mapear os desafios locais de saúde pós-desastres em cinco territórios do Brasil: Cametá (PA), Canoas (RS), São Sebastião (SP), Jequié (BA) e Fortaleza (CE).
A segunda etapa do projeto quer promover e apoiar ações de vigilância popular em saúde, preparando as populações de cada território para identificar, monitorar, comunicar e registrar quaisquer problemas de saúde na população, especialmente aqueles causados pela construção de barragens ou por eventos climáticos.
Durante o seminário, Guilherme Franco Netto, coordenador de Saúde e Ambiente da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz), falou aos atingidos sobre a importância da relação da instituição com o MAB, pontuando que essa parceria permite uma “escuta cuidadosa e atenta sobre os principais problemas dos atingidos”. Isso possibilita, segundo ele, que seja possível uma incidência mais eficaz em cada território. “Os atingidos têm uma leitura singular do que é saúde e é fundamental que sejam escutados”, disse.
Em relação aos desafios que o MAB tem pela frente, Guilherme ressaltou que teme pelo aumento dos atingidos, “porque a tendência é que haja cada vez mais atingidos em todo o Brasil e o mundo, especialmente considerando as mudanças climáticas e que esse processo vai exigir sempre atenção e muita organização do MAB e de seus parceiros”.
O Ministério da Saúde também participou do seminário, com a presença de Cristiane Pereira dos Santos, chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade. “Consideramos o MAB um grande parceiro nosso, que trabalha conosco na política pública viva da saúde, que vem do território, do convívio, do olho no olho, a saúde que vem do povo”, iniciou Cristiane.
Ela seguiu afirmando que o testemunho dos atingidos sobre a realidade da sua saúde é “mais vivo, pulsante e importante do que aquilo que sai da academia ou mesmo dos gabinetes do governo”. Para Cristiane, só é possível construir uma política eficaz se as populações forem ouvidas em seus territórios e para isso, a parceria com o MAB é fundamental. “Queremos ampliar todos os projetos de vigilância popular em saúde, como estes do MAB”, declarou.
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Imagem Seminário contou com a presença de atingidos de vários países e da Fiocruz (foto: Divulgação)
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