Insônia, dores musculares, crises de ansiedade e comportamentos compulsivos, cada vez mais comuns entre brasileiros, têm reforçado o avanço das chamadas doenças psicossomáticas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 30% das consultas em atenção primária no mundo envolvem sintomas sem causa clínica clara.
No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que uma em cada quatro crianças de 6 a 12 anos apresenta sinais de angústia crônica, enquanto a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) registra alta de 25% nos diagnósticos de transtornos de ansiedade entre 2020 e 2023.
Ansiedade, que afeta 9,3% dos brasileiros segundo a OMS, depressão, presente em 10% da população de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a fibromialgia, que atinge 2,5% da população mundial, sobretudo mulheres, estão entre os transtornos psicossomáticos mais frequentes. Além deles, novos comportamentos preocupam especialistas, como a dependência de jogos digitais como o “jogo do tigrinho” fez as buscas por apostas online aumentarem 90% em 2024, e já impacta 3,5% dos adolescentes, segundo a consultoria Decode e a Fiocruz.
Para o psicólogo, pesquisador e professor Jair Soares dos Santos, fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT) e doutorando em Psicologia na Universidade de Flores (UFLO), na Argentina, o fenômeno das doenças psicossomáticas vai além da dimensão biológica. “A dor física ou o sintoma emocional são muitas vezes formas de expressão de experiências antigas que não foram elaboradas. O corpo fala quando a mente não consegue mais sustentar”, explica o especialista e também criador da Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG).
Sinais de alerta
A medicalização precoce e, muitas vezes, desnecessária é outra preocupação. Levantamento da ONG Acorda Sociedade com 2.300 estudantes de ensino médio em seis capitais revelou que quatro em cada cinco jovens já fizeram uso de psicotrópicos pelo menos uma vez, enquanto a Fiocruz aponta que o consumo de antidepressivos por adolescentes entre 13 e 17 anos cresceu 30% na última década. O Brasil ocupa hoje a 5ª posição no ranking global de consumo de antidepressivos, atrás apenas de Estados Unidos, Islândia, Austrália e Canadá, segundo a consultoria IQVIA.
Soares alerta que os sinais iniciais de adoecimento emocional, como isolamento, irritabilidade, distúrbios de sono, dores difusas e queda de energia muitas vezes são normalizados pela família, escola ou ambiente de trabalho. “É comum que sintomas graves se escondam atrás de comportamentos socialmente valorizados, como a produtividade excessiva ou a tentativa de controle. Mas, internamente, essas pessoas estão em constante estado de alerta, como se revivessem perigos do passado”.
Metodologia aplicada
O psicólogo destaca que a TRG, metodologia criada por ele e aplicada por cerca de 70 mil terapeutas em todos os continentes do mundo, tem se mostrado eficaz para reprocessar memórias traumáticas de forma segura, sem exigir que o paciente verbalize detalhes dolorosos. “Não buscamos ressignificar, porque isso mantém a dor ativa. O objetivo é permitir que o cérebro reorganize o registro emocional e libere o corpo da necessidade de manifestar sintomas”, explica. Segundo ele, essa abordagem tem apresentado resultados promissores em pesquisas conduzidas na UFLO, na Argentina, voltadas ao tratamento de ansiedade e depressão.
A compreensão das doenças psicossomáticas é um passo fundamental para mudar o olhar da sociedade sobre o sofrimento emocional. “Ainda existe a ideia de que sentir dor sem causa clínica é frescura ou fraqueza. Na verdade, cada sintoma é um pedido legítimo de ajuda do inconsciente. Quando conseguimos escutá-lo e reprocessar sua origem, abrimos caminho para uma vida mais equilibrada”, conclui Soares.
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