Dois terços das mulheres relatam violência obstétrica durante o parto no RJ, aponta pesquisa – Diário da Guanabara-radardasaude

Joabe Antonio de Oliveira

04/09/2025

Cerca de dois terços das mulheres do Rio de Janeiro afirmaram ter sido vítimas de algum tipo de violência obstétrica durante o parto, segundo dados da pesquisa Nascer no Brasil 2, conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O suplemento com os dados do estado foi divulgado nesta quarta-feira (3), revelando uma realidade alarmante vivida por parturientes entre 2021 e 2023.

A forma mais comum de violência relatada foram os toques vaginais inadequados, mencionados por 46% das 1.923 mulheres entrevistadas em 29 maternidades públicas, privadas e mistas do estado. Em seguida, aparecem os relatos de negligência no atendimento (31%) e de abuso psicológico (22%).

A maioria das mulheres que relataram toques vaginais inadequados disse que eles foram realizados sem consentimento ou explicação, frequentemente sem privacidade. Já os casos de negligência incluem longa espera por atendimento e o sentimento de abandono pelas equipes médicas. No caso do abuso psicológico, muitas mulheres relataram ter sido repreendidas ou humilhadas verbalmente durante o parto.

Perfil das vítimas e desigualdade

A coordenadora-geral do estudo, Maria do Carmo Leal, apontou que a maior parte das vítimas pertence a grupos vulneráveis. “As que mais sofrem violência obstétrica são as jovens, adolescentes, mulheres mais velhas, com baixa escolaridade e que recebem benefícios sociais do governo. Ou seja, as mais pobres”, destacou.

Além disso, a incidência de violência obstétrica é mais alta em partos realizados na rede pública e em partos vaginais. “Quanto maior o tempo de permanência no hospital, maior a chance de sofrer algum tipo de violência”, afirmou a pesquisadora.

Manobra proibida ainda é aplicada

A pesquisa também identificou a aplicação da manobra de Kristeller em 53 casos — uma técnica em que o profissional empurra ou sobe sobre a parturiente para acelerar o parto. O procedimento é proibido por lei estadual desde 2016 e é desaconselhado pela OMS e pelo Ministério da Saúde, por oferecer riscos à saúde da mãe e do bebê.

Segundo os pesquisadores, se os dados da pesquisa forem projetados para todos os nascimentos ocorridos no estado em 2022, cerca de 5.600 mulheres teriam sofrido esse tipo de violência física grave durante o parto.

Os dados completos da pesquisa Nascer no Brasil 2, que é o maior inquérito sobre parto e nascimento do país, serão divulgados nacionalmente em 2026.

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