No âmbito da COP30, a Universidade de Glasgow anunciou, na quarta-feira, 5 de novembro, o lançamento de um projeto de pesquisa voltado a reduzir os impactos das mudanças climáticas na saúde e no bem-estar de moradores das favelas e comunidades urbanas no Brasil.
As favelas enfrentam injustiças climáticas que muitas vezes permanecem invisíveis nos dados oficiais e nos processos de formulação de políticas públicas. O projeto PACHA (Análise Participativa para Adaptação Climática e Saúde em Comunidades Urbanas Desfavorecidas no Brasil) busca gerar novas evidências para apoiar projetos de adaptação nessas comunidades, combinando dados climáticos e de saúde, além de analisar impactos e vulnerabilidades locais.
O PACHA recebeu apoio de £ 2,5 milhões do financiador britânico Wellcome Trust e é liderado pelo professor João Porto de Albuquerque, diretor do Centro de Big Data Urbano da Universidade de Glasgow (UBDC) e professor do Departamento de Tecnologia e Ciência de Dados da FGV EAESP. Também participam o Centro de Integração de Dados em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (CIDACS/Fiocruz), a PUCPR e a UFRN.
O estudo terá três frentes:
- Lacunas de evidências e dados – O Brasil é um dos poucos países que registram sistematicamente bairros urbanos desfavorecidos, denominados oficialmente como favelas e comunidades urbanas (FUC). Dados do Censo 2022, divulgados no fim de 2024 pelo IBGE, trazem informações geoespaciais sobre mais de 12 mil favelas localizadas em 676 municípios, que abrigam mais de 16 milhões de pessoas. Apesar do potencial desses dados para subsidiar políticas públicas, ainda há poucos cruzamentos com os efeitos das mudanças climáticas. As informações sobre o impacto na saúde dos moradores de favelas diante de eventos climáticos permanecem dispersas em diferentes bases governamentais, dificultando ações coordenadas.
- Voz insuficiente das comunidades – As favelas e comunidades urbanas detêm conhecimento detalhado de seus territórios e desenvolveram estratégias de mobilização e resiliência. No entanto, em muitas cidades, falta envolvimento direto dessas comunidades em projetos de adaptação climática, o que compromete a efetividade das intervenções.
- Falta de capacidade para ação coordenada – Existem diversas iniciativas no país voltadas à adaptação climática, à infraestrutura urbana e à redução das desigualdades em saúde. Contudo, ainda há pouca integração entre elas, o que limita a produção de conhecimento aplicado e a implementação de medidas baseadas em evidências.
De acordo com o professor Albuquerque, “O Brasil é um dos poucos países do mundo que registram dados detalhados e sistemáticos sobre áreas urbanas desfavorecidas que sofrem desproporcionalmente com os efeitos das mudanças climáticas, embora contribuam menos para elas. Com os olhos do mundo voltados para o Brasil durante a COP30, esta é uma grande oportunidade para direcionar a atenção para ações que enfatizem o protagonismo das favelas e comunidades urbanas, que muitas vezes enfrentam barreiras devido à marginalização política e à insegurança de posse, fazendo com que suas potencialidades e vulnerabilidades sejam frequentemente negligenciadas no planejamento urbano e na adaptação climática”.
O pesquisador acrescenta: “Sua sub-representação nos dados existentes leva à perpetuação de exclusões históricas e consequentes resultados desiguais nas condições de saúde e bem-estar dos moradores dessas comunidades. Se as medidas corretas não forem tomadas agora, o duplo fardo imposto por situações de vulnerabilidade social e climática continuará a ampliar as desigualdades, empurrando os moradores das comunidades periféricas para ciclos mais profundos de pobreza e saúde precária”.
O projeto PACHA é uma parceria transdisciplinar entre líderes comunitários, formuladores de políticas públicas, cientistas sociais, pesquisadores da área da saúde e cientistas climáticos, com foco em revelar e reduzir os impactos do clima sobre a saúde — considerando diferenças de gênero, raça e idade.
A iniciativa contará com a colaboração de agências governamentais e associações de moradores de favelas em três cidades brasileiras: Curitiba (PR), Natal (RN) e Niterói (RJ). O objetivo é criar Laboratórios Urbanos Participativos para cocriar pesquisas orientadas à ação e apoiar a implementação de medidas de adaptação climática nos municípios, buscando resultados mais equitativos em saúde.
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