Fiocruz e UFMG iniciam expansão do Centro Nacional de Tecnologia em Vacinas-radardasaude

A Fiocruz se reuniu com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), nesta quinta-feira (9/10), para estabelecer as bases de uma cooperação para expandir e fortalecer o atual Centro Nacional de Vacinas (CN Vacinas), sediado no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), em Minas Gerais. Criado em 2016, o CN Vacinas é parte de uma estratégia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) que transformou o antigo Centro de Tecnologia de Vacinas (CT Vacinas) da UFMG tornando-o um local de pesquisas em biotecnologia e inovação em imunobiológicos. O acordo com a Fiocruz tem como objetivo potencializar o atendimento às demandas de autonomia e soberania nacional em tecnologia, testagem e produção de vacinas, além do desenvolvimento de kits de diagnósticos e fármacos, contribuindo para o Sistema Único de Saúde (SUS) e o desenvolvimento socioeconômico brasileiro.

Encontro teve como foco iniciar a estruturação de um programa de sustentabilidade e governança que estabelece as bases para a parceria entre o Centro Nacional de Vacinas e a Fiocruz (foto: Peter Ilicciev)

Presidente da Fiocruz, Mário Moreira ressalta que este não é um plano só da Fiocruz ou da UFMG, mas um projeto de país. “Trata-se de um projeto exitoso e promissor, com possibilidade de trocas organizadas de experiências. Temos a perspectiva de colocar todo o sistema de ciência e tecnologia da Fiocruz a favor dessa cooperação”, destaca Moreira. “É um projeto de autonomia e de soberania no tempo em que se discutem a redução da vulnerabilidade com relação a tecnologias e produtos desenvolvidos no exterior. A Covid-19 mostrou que precisamos ter mais altivez na discussão e elaboração de políticas públicas”. 

A reitora da UFMG, Sandra Goulart de Almeida, afirmou que a cooperação com a Fiocruz, com quem já possui uma aliança estratégica e vários projetos em andamento, é extremamente relevante para instituição e para pesquisa na área de saúde. “Esse é um projeto de Estado. A ideia é atender o país em uma área extremamente necessária, que a pandemia comprovou”, comentou Almeida. 

O presidente da Fiocruz, Mario Moreira, e a reitora da UFMG, Sandra Goulart de Almeida (foto: Peter Ilicciev)

O encontro teve como foco iniciar a estruturação de um programa de sustentabilidade e governança que estabelece as bases para a parceria entre o Centro Nacional de Vacinas e a Fiocruz, por meio de unidades como o Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz Minas) e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), dentre outras. “Poder retomar de forma estruturada essas discussões e potenciais novas parcerias trará um ganho para as instituições”, ressaltou a vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Priscila Ferraz. 

Durante a reunião, o coordenador do CN Vacinas, Ricardo Gazzinelli, relembrou a parceria entre a Fiocruz Minas e a UFMG é antiga, desde a fundação do CT Vacinas, que tinha como missão inicial fazer a ponte entre as instituições e a sociedade. Ele ainda enfatizou o legado da pandemia no fortalecimento e estruturação da pesquisa e inovação na saúde pública, onde houve a oportunidade de desenvolver, através de financiamento do MCTI, a primeira vacina nacional contra a Covid-19, a Spin-TEC, que avança para a fase final de estudos clínicos, com expectativa de estar disponível para a população até o início de 2027. 

“Esse foi um grande exemplo do que pode ser feito no Brasil. O legado é o aprendizado e formação da equipe na produção de medicamentos e vacinas, com resultados promissores. Nosso grande desafio hoje é estruturar um programa de sustentabilidade do Centro de Vacinas”, afirma Gazzinelli. 

Pesquisa e desenvolvimento de imunizantes 

Coordenador do CN Vacinas, Ricardo Gazzinelli reforçou que, além da pesquisa sobre Covid-19, o CN Vacinas trabalha no desenvolvimento de imunizantes contra outras doenças, como malária, leishmaniose, chagas e mpox. Atualmente, também já existe uma cooperação na produção de testes diagnósticos com Bio-Manguinhos/Fiocruz. 

O presidente da Fiocruz, Mario Moreira, destacou a possibilidade da construção de um hub nacional baseado em uma promissora plataforma de vacinas de mRNA, a partir de uma parceria pautada em uma visão estratégica de atuação, na flexibilidade de operação no campo da inovação e em um sistema de governança equilibrado. Pesquisadora e subcoordenadora do CN Vacinas, Santuza Teixeira reforçou o interesse na criação dessa nova área de desenvolvimento de vacinas com tecnologia mRNA, com grande potencial e sinergia com a Fiocruz. “Por ser uma tecnologia recente, essa parceria vai ser importante para avançar mais rapidamente”, ressaltou Teixeira. 

O encontro terminou com visitas técnicas a Bio-Manguinhos/Fiocruz e à planta do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fiocruz (foto: Peter Ilicciev)

Também participaram da reunião, por parte da Fiocruz, a diretora da Fiocruz Minas, Cristiana Brito; a diretora de Bio-Manguinhos, Rosane Cuber; o vice-diretor de Inovação de Bio-Manguinhos, Ricardo de Godoi; a coordenadora de Relações Institucionais, Zélia Profeta; a vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas, Alda Maria da Cruz; e assessora da vice-presidência de Produção e Inovação em Saúde (VPPIS/Fiocruz), Juliana Garcia Gonçalves. Por parte da UFMG, o pró-reitor de pesquisa, Fernando Reis; e o pesquisador Renan Pedra de Souza.