Fiocruz lamenta o falecimento do virologista Amilcar Tanuri-radardasaude

Joabe Antonio de Oliveira

27/09/2025

A Presidência da Fiocruz lamenta profundamente o falecimento, nesta sexta-feira (26/9), do virologista e pesquisador Amilcar Tanuri, aos 67 anos. Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico e membro titular da Academia Brasileira de Ciências, Amilcar foi professor-titular e chefe do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele foi consultor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz).

Nascido em 1958, no Rio de Janeiro, Tanuri ingressou no curso de medicina em 1977, na UFRJ, onde também cursou o mestrado e o doutorado. Fez especialização em genética molecular pela Universidade de Sussex, na Inglaterra, e pós-doutorado nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos. Tinha experiência na área de genética, com ênfase em genética molecular e de microorganismos, atuando principalmente nos temas: HIV-1, diversidade genética e subtipos de HIV, resistência do vírus às drogas, além de também pesquisar sobre o vírus da zika e a microcefalia. Desde 2000, era consultor da Organização Mundial da Saúde para a rede de pesquisa sobre a resistência do HIV aos medicamentos (HIV ResNet).

A longa história de parceria e colaborações de Amílcar com Bio-Manguinhos começou na década de 1980, com os ensaios de HIV, que prosseguiram na década de 1990, e foi fortalecida a partir dos anos 2000, quando o Ministério da Saúde pediu o desenvolvimento do kit NAT-brasileiro, visando ampliar a segurança transfusional no país. Desde então, Tanuri atuou como uma grande referência científica no campo da virologia e da biologia molecular para Bio-Manguinhos. Ele contribuiu decisivamente para a incorporação de competências técnicas e científicas e participou ativamente de numerosas conquistas e entregas significativas de produtos estratégicos para o SUS feitas pela Fiocruz, em áreas como diagnósticos para HIV, hepatites virais, dengue, arbovírus, Covid-19 e monkeypox, entre outros agravos.

Primeiro servidor da UFRJ a ser vacinado contra a Covid-19, Amilcar tentava elucidar a resposta imune de pacientes brasileiros à infecção pelo novo coronavírus. Ele e sua equipe procuram tornar o processo de imunização mais seguro e duradouro por meio de técnicas de edição ultraprecisa do DNA, editando o código genético da Covid-19 para torná-lo menos virulento e responsivo aos antivirais. Durante a pandemia foi presença constante nas emissoras de TV, dando entrevistas, esclarecendo dúvidas e combatendo o negacionismo.

Em 2025 ele lançou o livro Pandemia de Covid-19 no Brasil: a visão de um cientista. Em um debate no lançamento da obra, ele disse que “o vírus sempre esteve um passo à frente de nós. Será que na próxima pandemia isso vai se repetir?”. Segundo Tanuri o livro é o relato da experiência de um pesquisador dentro do laboratório. “O livro é uma obra para futuras gerações de cientistas não cometerem os mesmos erros”, afirmou o virologista na ocasião. 

Amílcar Tanuri faleceu de complicações no coração devido à diálise.


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