Fiocruz lança Rede-Sífilis para impulsionar pesquisa e inovação no enfrentamento da transmissão vertical da doença-radardasaude

Joabe Antonio de Oliveira

22/09/2025

A Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB) da Fiocruz deu início estruturação de uma rede voltada à pesquisa científica da sífilis no país, com foco na transmissão vertical, a Rede-Sífilis e de doenças de transmissão vertical. O objetivo é incentivar o desenvolvimento de novas linhas de pesquisa e de inovações tecnológicas, que preencham as lacunas de conhecimento sobre o tema, considerado um problema grave de saúde pública. Além disso, a criação da rede também visa contribuir para as ações do Programa Brasil Saudável, do Governo Federal, que tem como meta a eliminação como problema de saúde pública até 2030 de 11 doenças socialmente determinadas e cinco de transmissão vertical, incluindo a sífilis.

Segundo dados do Centro Nacional de Inteligência Epidêmica e Vigilância Genômica do Ministério da Saúde (CNIE/SVSA/MS), no período de 2007 a 2023 foram notificados 1.513.799 casos de sífilis adquirida. Segundo o CNIE, os números apontam um aumento progressivo de notificações ao longo dos anos. Em 2023, a taxa de detecção foi de 113,8 por 100 mil habitantes. Com relação aos casos de sífilis em gestantes, foram notificados 670.921 casos, no mesmo período, com taxa de detecção em 2023 de 24 por 1.000 nascidos vivos. Os dados revelam ainda o predomínio dos casos em mulheres pretas (50%) e pardas (12%). Não há vacina para a sífilis, mas sífilis congênita é uma doença que pode ser prevenida com diagnóstico e tratamento adequados durante o pré-natal.

No dia 10 de setembro, pesquisadores e gestores das unidades da Fiocruz (ENSP, INI, IFF, ILMD, ICTB, ICICT, Biomanguinhos, entre outras), além da Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência e representantes de instituições parceiras se reuniram no Campus Manguinhos, no Rio de Janeiro, para debater sobre o atual panorama da doença.
 

“A Fiocruz tem um papel crucial como braço de ciência, tecnologia e inovação do Ministério da Saúde. Identificamos que, apesar de toda a nossa capacidade instalada, as iniciativas em curso ainda são modestas. Podemos e devemos fazer mais para contribuir com a solução deste problema”, afirmou a Dra. Alda Maria da Cruz, vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz.

Segundo o levantamento do Observatório em Ciência, Tecnologia e Informação em Saúde da Fiocruz, entre 2008 e 2024 foram publicadas apenas 332 produções acadêmicas sobre o tema envolvendo a Fiocruz. Considerando a competência da instituição em diferentes áreas do conhecimento, ainda há espaço para crescimento no que se refere a projetos financiados.

A convite da VPPCB, O DR. Marcos Davi Gomes de Sousa, UM JOVEM médico infectologista do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGESDF), apresentou algumas das principais lacunas e desafios impostos ao combate à doença hoje no mundo.

“Convivemos com a sífilis há séculos, mas ainda usamos basicamente os mesmos métodos diagnósticos e terapêuticos do século passado. Precisamos urgentemente de inovações em diagnóstico point-of-care (exames diagnósticos realizados no próprio local de atendimento do paciente), alternativas terapêuticas à penicilina e uma melhor compreensão da imuno patogenia da doença para desenvolver uma vacina e, mais acesso dos pacientes aos serviços de saúde”, explicou.


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