Fiocruz promove debate sobre revistas predatórias e integridade em pesquisa-radardasaude

Joabe Antonio de Oliveira

06/09/2025

Comissão de Integridade em Pesquisa da Fiocruz promove debate sobre "revistas predatórias"
Mesa de debate organizada pela coordenadora da CIP, Carmen Penido (foto: Vitor Rangel)

 

A Comissão de Integridade em Pesquisa (CIP) da Fiocruz, vinculada à Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB), promoveu um debate no dia 28 de agosto de 2025, no Campus Manguinhos, no Rio de Janeiro, sobre os desafios impostos pelas chamadas “revistas predatórias” e seus impactos para a credibilidade da ciência.

Durante a abertura, a coordenadora da CIP, Carmen Penido, destacou a relevância do tema para a comunidade científica. 
“Esse debate é urgente diante do crescimento de práticas predatórias na publicação científica, que ameaçam a credibilidade da pesquisa”. 

Para a vice-presidente adjunta de Pesquisa e Coleções Biológicas, Márcia Teixeira, a intensificação da disputa por recursos públicos, somada à pressão por produtividade, tem tornado pesquisadores, especialmente jovens, mais vulneráveis às estratégias das editoras predatórias. Esse contexto do sistema de pesquisa atual fortalece a ação destas revistas.
“Torna-se fundamental ampliar o debate e construir consciência coletiva sobre os riscos envolvidos”, defendeu.

 

Márcia Teixeira, vice-presidente adjunta da VPPCB
Márcia Teixeira, vice-presidente da VPPCB (foto: Vitor Rangel)

 

Márcia lembrou ainda que a Fiocruz está em processo de discussão de sua política de pesquisa, dentro do Fórum Oswaldo Cruz, e convocou instituições parceiras a participarem ativamente do debate.

A programação contou ainda com a palestra da pesquisadora do Programa de Computação Científica da Fiocruz (Procc/Fiocruz) e editora dos Cadernos de Saúde Pública, Marília Sá Carvalho, e do docente do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UNESP e especialista em ciência da informação e ética em publicações científicas, José Augusto Chaves Guimarães.  
Marília Sá Carvalho chamou atenção para o desequilíbrio financeiro do sistema editorial, apontando que grandes Editores (publishers) como Elsevier e Clarivate registram margens de lucro superiores a gigantes como Apple e Amazon. Ela destacou também as práticas enganosas das revistas predatórias, que cobram taxas mais baixas e oferecem aceitação quase imediata dos artigos, mas sem garantir rigor científico.
“É impossível dissociar esse fenômeno do modelo global de publicação acadêmica. O sistema cria ruídos, incentiva o produtivismo e fragiliza a qualidade da produção científica”, alertou.

Durante o debate, os palestrantes reforçaram que a escolha de periódicos deve estar alinhada ao público que se deseja atingir, e não apenas às métricas de impacto ou à pressão por quantidade de artigos publicados. Também foi defendida maior valorização de relatórios técnicos e produtos aplicados, que podem ser mais úteis para gestores e políticas públicas do que artigos em periódicos de circulação restrita.
O encontro reuniu presencialmente e online pesquisadores da Fiocruz e de outras instituições de pesquisa e universidades. Para Carmen Penido, o objetivo é fortalecer a discussão sobre ética e integridade científica.
“Queremos aprofundar esse diálogo, fortalecer a consciência crítica e oferecer ferramentas para que pesquisadores e estudantes reconheçam práticas predatórias. É um passo essencial para proteger a ciência e a sociedade”, concluiu.
 

Integrantes da CIP
Integrantes da Comissão de Integridade em Pesquisa (foto: Vitor Rangel)

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