Os profissionais de saúde do Hospital Federal dos Servidores se depararam na manhã desta terça-feira (30/9) com uma grande faixa do Ministério da Saúde, colada na frente da unidade, dando a falsa informação de que ali estariam trabalhando contratados do programa ‘Agora tem Especialistas’. Para as diretoras do Sindsprev/RJ, Roberta Santiago e Patrícia Falbo, esta foi uma propaganda enganosa usada pelo governo para divulgar o programa ‘pegando uma onda’ no mutirão oftalmo-oncológico que acontece uma vez por ano e é feito unicamente por servidores federais do HFSE e do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
“Ficamos muito revoltados porque estão querendo mostrar uma suposta eficiência do programa ‘Agora Tem Especialistas’, aproveitando-se do mutirão que fazemos todos os anos com o Inca e que está acontecendo exatamente hoje. Só estão participando deste mutirão, servidores federais, não tendo ninguém extra quadro”, frisou Roberta Santiago. Acrescentou que o HFSE faz mutirões também em outras especialidades visando reduzir a fila de pacientes e atender com mais qualidade.
Na opinião da dirigente, a iniciativa do ministério tem como objetivo promover o ‘Especialistas’. “O mutirão de exames está acontecendo no quarto andar hoje, na parte de oftalmologia do ambulatório. Acho que a faixa pregada na entrada foi colada para que haja um incremento nos números do Mais Especialistas, usando algo que já acontece”, frisou.
Mutirão busca atenuar efeitos do sucateamento – Acrescentou que o mutirão é feito, mesmo com todo o sucateamento imposto à saúde federal. “Mantemos este processo a fim de atender às pessoas que precisam dos serviços do HFSE e do SUS. Mas fazemos isto sem o incremento de nenhum profissional de fora, e tendo que enfrentar as dificuldades geradas pela falta de investimentos e recursos humanos, já que há décadas o governo não faz concurso”, explicou Roberta.
‘Agora Tem Especialistas’ antecipa a reforma administrativa – O programa Agora Tem Especialistas prevê a contratação terceirizada, através de hospitais privados e filantrópicos de médicos sem concurso público, de forma precarizada e temporária (12 meses, sem possibilidade de renovação) através de bolsas de pesquisa. “O programa é a deterioração do serviço público, através de contratações rasas, o que é a reforma administrativa já acontecendo dentro do SUS, dentro do Ministério da Saúde, contra os servidores públicos, através destas contratações temporárias de trabalhadores, que não criam vínculo com o serviço, sendo incapazes de suprir as necessidades da população que precisa de um atendimento de qualidade, de profissionais federais concursados de fato envolvidos com os serviços pra que a gente possa seguir atendendo à população que necessita de um serviço de qualidade”, ressaltou.
Processo de extinção em suspenso – Como parte do processo de fatiamento da rede de hospitais federais do Rio de Janeiro, o Ministério da Saúde pretende extinguir o Hospital dos Servidores, colocando no espaço ocupado pela unidade, as instalações do Gafrée e Guinle, pertencente à UniRio, e administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Ou seja, seria a extinção do HFSE, deixando a população sem os serviços por ele prestados. Mas o Ministério da Saúde vem chamando este processo de ‘fusão’.
Fusão ou extinção, o processo não foi implementado. Isso porque a continuidade da gestão da Ebserh sobre o Gafrée foi aprovada pelo Conselho Universitário da UniRio, porém barrada pela Justiça. Ou seja, a ‘fusão’ entre as duas unidades, não tem previsão de acontecer.
Assembleia no HFSE – O Sindsprev/RJ está convocando os servidores do HFSE para uma assembleia emergencial na sexta-feira (3/10), às 11 horas, no auditório 1, auditório Jorjão, no prédio dos ambuilatórios, no 5º andar. “Nossa ideia é lotar o auditório para que possamos discutir o fortalecimento da nossa resistência à forma ilegal de entrada da Ebserh e da UniRio no HFSE”, disse Roberta.
A diretora do Sindsprev/RJ, Patrícia Falbo, falou sobre o processo de fusão com o Gafrée e Guinle. “O que nós temos hoje é uma fusão aprovada pela UniRio, mas ainda não concretizada com o Ministério da Saúde. Hoje não temos a universidade dentro das nossas instalações. A UniRio sequer renovou o contrato que ela tem com a Ebserh. O contrato finda em dezembro deste ano. E não há decisão do Consuni que esteja valendo a respeito da fusão que, na verdade, significa a extinção do HFSE”, disse a dirigente.
Ministério da Saúde gasta com obras por todo o HFSE. Mas não faz concurso para resolver o enorme déficit de pessoal.
Assista a entrevista das diretoras Roberta Santiago e Patrícia Falbo, clicando nos links abaixo.
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