Gripe K: o que se sabe sobre vírus identificado no Brasil e monitorado pela OMS-radardasaude

Joabe Antonio de Oliveira

21/12/2025

Emvats / adobe.stock.com
Vírus tem se espalhado rapidamente, mas não há indicativos de que cause gripe mais grave.

Os quatro casos confirmados do chamado subclado K do vírus Influenza A (H3N2) no Brasil colocaram novamente a gripe sazonal no radar das autoridades de saúde. A identificação ocorreu na mesma semana em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta internacional sobre o aumento da circulação do vírus em diferentes regiões do mundo.

O aviso tem como foco a próxima temporada de gripe, prevista para o fim de 2025 e o início de 2026 no Hemisfério Norte. Apesar do nome que passou a circular com força nas redes sociais, a chamada “gripe K” não representa uma nova doença nem sinaliza, até o momento, um cenário de maior gravidade.

Autoridades de saúde e especialistas ouvidos pela Zero Hora reforçam que se trata de uma variação genética esperada do vírus influenza, conhecido por sofrer mutações frequentes.

No Brasil, o Ministério da Saúde afirma que a situação segue sob monitoramento e destaca que a vacina contra a gripe disponível pelo SUS continua eficaz para prevenir hospitalizações e formas graves da doença.

A seguir, veja o que já se sabe sobre a gripe K e o que muda, ou não, para a população.

O que é a chamada gripe K?

A gripe K não é uma nova doença. O termo se refere a um subclado — uma subdivisão genética — do vírus Influenza A (H3N2), um dos principais responsáveis pelas epidemias sazonais de gripe em humanos.

— Nada mais é do que a gripe pelo vírus influenza, que já é conhecida há muito tempo da humanidade, só que agora por um influenza modificado, mutado, chamado de subtipo K — explica o infectologista Alessandro Pasqualotto, chefe do Serviço de Infectologia da Santa Casa de Porto Alegre.

O que significa subclado?

Subclado é uma classificação usada para agrupar vírus muito semelhantes geneticamente dentro de um mesmo subtipo. Ele permite identificar ramificações mais recentes do vírus a partir de pequenas mudanças no seu material genético.

Essas variações surgem com o acúmulo de mutações ao longo do tempo e fazem parte da evolução natural do vírus influenza, sendo utilizadas principalmente para fins de vigilância epidemiológica e monitoramento da circulação viral.

Quais são os principais tipos de influenza?

Os principais tipos de vírus influenza são classificados como A, B, C e D. O influenza A é o mais diverso e pode infectar humanos e diferentes espécies animais. Entre as pessoas, os subtipos que circulam com mais frequência são o H1N1 e o H3N2, responsáveis pelas epidemias sazonais de gripe.

O influenza B circula exclusivamente entre humanos e não possui subtipos, embora seja dividido em linhagens. Já os influenza C e D são menos comuns: o tipo C costuma causar infecções leves e não está associado a grandes surtos, enquanto o tipo D é observado principalmente em animais e não costuma provocar doença em humanos.

O que diferencia o vírus H3N2?

O vírus Influenza A (H3N2) se diferencia por apresentar alta capacidade de mutação ao longo do tempo, o que obriga a atualização periódica da composição da vacina contra a gripe para manter a proteção da população.

Em temporadas em que o H3N2 predomina, o impacto costuma ser maior entre idosos e pessoas com comorbidades, grupos mais vulneráveis às complicações da gripe, como internações e sintomas respiratórios mais graves.ae

O que é exatamente o subclado K?

O subclado K é uma evolução recente do vírus Influenza A (H3N2), resultante de pequenas mudanças genéticas acumuladas ao longo do tempo. Ele deriva de uma linhagem anterior do próprio H3N2 e faz parte do processo natural de adaptação do vírus.

Na prática, isso significa que o subclado K não configura um novo subtipo nem uma variante completamente distinta do vírus da gripe. Trata-se de uma ramificação genética usada para fins de classificação, monitoramento e vigilância epidemiológica, sem indicação, até o momento, de mudança na gravidade da doença ou no perfil dos sintomas.

Há casos confirmados no Brasil?

Sim. O Ministério da Saúde confirmou quatro casos do subclado K no Brasil. Um deles, registrado no Pará, é considerado importado e está associado a uma viagem internacional. Os outros três casos ocorreram no Mato Grosso do Sul e seguem em investigação epidemiológica.

As amostras foram inicialmente identificadas pelos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen) dos Estados e, conforme os protocolos de vigilância, encaminhadas para sequenciamento genético em laboratórios de referência, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.

A confirmação desses casos muda o cenário de risco?

Segundo especialistas, a confirmação dos casos não altera de forma significativa o cenário de risco neste momento.

— Qualquer evolução viral sempre gera preocupação, se vai causar doença mais grave, mais hospitalização ou mais morte. Mas, até agora, a gravidade da doença causada por esse subtipo K não é diferente do H3N2 anterior. Não parece ser motivo de preocupação, pois existe vacina — afirma Pasqualotto.

Os sintomas são diferentes da gripe comum?

Os sintomas são os mesmos da gripe sazonal comum. Entre os sinais mais frequentes estão:

  • febre de início súbito
  • dor de garganta
  • tosse
  • dores musculares
  • dor de cabeça
  • cansaço
  • prostração

Não é possível identificar o subtipo do vírus apenas com base nos sintomas. A confirmação do H3N2 ou de subclados, como o K, depende de exames laboratoriais.

Até o momento, não há evidências de maior gravidade. A evolução da doença continua dependendo principalmente das condições do paciente.

— As pessoas que se complicam são as mesmas de sempre: idosos e pessoas com comorbidades. Não tem nada que comprove que essa variante cause doença mais grave — diz o infectologista.

Quem deve ter mais atenção?

Os grupos de risco permanecem os mesmos já conhecidos:

  • idosos
  • crianças pequenas
  • gestantes
  • pessoas com doenças crônicas
  • profissionais de saúde

São esses públicos que apresentam maior risco de complicações e que mais se beneficiam da vacinação para reduzir hospitalizações e formas graves da gripe.

Existe vacina e tratamento disponível?

A gripe pode ser tratada com antivirais, que apresentam maior eficácia quando iniciados nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas. O medicamento é disponibilizado gratuitamente pelo SUS, principalmente para pessoas dos grupos prioritários. Ainda assim, a principal forma de proteção é estar com a vacinação em dia.

O Ministério da Saúde reforça ainda que a vacina contra a gripe ofertada pelo SUS protege contra formas graves da doença causadas pelo Influenza A (H3N2), incluindo o subclado K.

— A vacina da gripe disponível hoje também pega esse tipo K. O recado é o mesmo do ano passado: as pessoas precisam se vacinar, de preferência antes do inverno — afirma Pasqualotto.

Por que a OMS emitiu um alerta?

O alerta foi emitido após a Organização Pan-Americana da Saúde e a OMS observarem aumento da circulação do subclado K em países do Hemisfério Norte, especialmente na Europa e em partes da Ásia. A recomendação é reforçar a vigilância, a vacinação e a preparação dos serviços de saúde. 

Em seu comunicado, a OMS faz uma ponderação importante: a atividade global da gripe, de modo geral, permanece dentro do padrão esperado. Ainda assim, alguns países registraram aumentos mais precoces e intensos do que o habitual. 

O momento preocupa porque coincide com a chegada do frio no Hemisfério Norte, e os sistemas de saúde já costumam operar sob maior pressão durante o inverno.

De acordo com a entidade, os dados epidemiológicos disponíveis até agora não indicam aumento da gravidade dos casos associados à variante K. Ainda assim, a OMS classifica a disseminação dessa linhagem como uma “evolução notável”, uma vez que ela vem se espalhando rapidamente por diferentes regiões.

Como funciona o monitoramento dessas variantes?

O acompanhamento é feito por meio de redes de vigilância que realizam o sequenciamento genético dos vírus em circulação, permitindo identificar mudanças e avaliar possíveis impactos nas campanhas de vacinação.

— Os vírus mudam rapidamente, isso é esperado. O importante é que existe monitoramento contínuo, inclusive no Brasil — explica Pasqualotto.

Desde agosto de 2025, a OMS observa um aumento rápido na detecção da variante K do influenza em diversos países, com base em dados de sequenciamento genético. Esse avanço ocorre paralelamente à chegada do inverno no Hemisfério Norte, período em que as infecções respiratórias costumam crescer. Como resultado, a temporada de gripe começou mais cedo em alguns locais e já pressiona hospitais, segundo a entidade.

Além da vacina, que cuidados a população deve adotar?

As medidas de prevenção seguem as mesmas da gripe sazonal:

  • higiene frequente das mãos
  • ventilação dos ambientes
  • etiqueta respiratória
  • evitar aglomerações em caso de sintomas
  • uso de máscara quando houver sinais gripais

Para o chefe do Serviço de Infectologia da Santa Casa de Porto Alegre, o maior risco não está no vírus, mas na desinformação e na baixa cobertura vacinal.

— Não existe evidência de que esse vírus seja mais transmissível ou mais grave. A população pode ficar tranquila, buscar informação em fontes seguras e, acima de tudo, se vacinar. Porque a gripe mata, especialmente as pessoas vulneráveis — conclui.


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