Inauguração de NBA3 amplia capacidade científica da Fiocruz-radardasaude

Joabe Antonio de Oliveira

29/09/2025

A Fiocruz inaugurou nesta segunda-feira (29/9), no Recife, o Laboratório de Nível de Biossegurança Animal 3 (NBA3). O novo espaço representa um avanço estratégico para a pesquisa científica, fortalecendo a capacidade nacional de enfrentar doenças de relevância em saúde pública e transformando conhecimento científico em ações concretas. Junto ao NB3 convencional, que já funciona na instituição, os dois laboratórios formam a primeira Plataforma de Alta Contenção do Nordeste.

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O ambiente conta com estrutura tecnológica avançada e é composto por três áreas principais: a sala de quarentena, destinada à observação inicial dos animais; a sala de experimentação; e a sala de inoculação, onde os animais permanecem sob monitoramento durante os testes (Foto: Divulgação)

A estrutura possibilita investigações in vivo sobre a interação entre patógenos e hospedeiros, essenciais para a vigilância, desenvolvimento de vacinas, terapias e diagnósticos inovadores. Diferente do NB3 convencional, voltado para experimentos sem uso de animais, o NBA3 adota exigências ainda mais rígidas. A nova aquisição pretende completar os estudos já desenvolvidos na instituição, garantindo respostas mais rápidas e dando autonomia científica para as pesquisas aqui realizadas.

“Sem dúvida, um laboratório NBA3 em uma instituição de pesquisa no Nordeste brasileiro é estratégico para garantir qualidade, ética e inovação nos estudos científicos. Além disso, fortalece a capacidade regional de enfrentar desafios locais, pandemias, epidemias, doenças endêmicas e problemas ambientais, enquanto promove o desenvolvimento científico, econômico e social da região. Trata-se de um investimento que beneficia não apenas a comunidade acadêmica, mas também a saúde pública brasileira no fortalecimento do SUS”, disse o vice-diretor de pesquisa da Fiocruz Pernambuco, Manoel Lima.

A vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB), Alda Cruz, esteve na cerimônia de inauguração e destacou a importância da conquista para a Fiocruz. “Se pensarmos numa agenda de futuro, ter uma estrutura como essa significa garantir a nossa soberania científica, a capacidade de dar respostas rápidas e eficazes também para os desafios que ainda virão, incluindo possíveis pandemias. Isso nos dá autonomia científica aqui no Nordeste e a possibilidade de desenvolver estudos considerando as nossas características regionais, enfrentando agentes de alta periculosidade”, destacou.

De acordo com o coordenador do laboratório, José Luiz Magalhães, a necessidade de um NBA3 surgiu em função dos estudos desenvolvidos na pandemia de Covid-19. “Durante a pandemia, houve uma grande carência de laboratórios de alta contenção para a inoculação de agentes infecciosos e a verificação de seus efeitos em modelos animais. Na região Nordeste, não existia nenhum laboratório em funcionamento com essa capacidade”, afirmou.

A implantação do laboratório ocorreu em duas etapas: a primeira, realizada entre 2021 e 2022, e a segunda, marcada por novas adequações de infraestrutura e segurança, concluídas neste ano, quando o espaço está sendo entregue pronto para uso. Com investimento de aproximadamente R$ 3 milhões, o ambiente conta com estrutura tecnológica avançada e é composto por três áreas principais: a sala de quarentena, destinada à observação inicial dos animais; a sala de experimentação; e a sala de inoculação, onde os animais permanecem sob monitoramento durante os testes.

O desenvolvimento das pesquisas no laboratório NBA3 é essencial para possibilitar a investigação do comportamento de vírus e bactérias em modelos animais, estabelecendo uma analogia com o que ocorre no ser humano e permitindo a testagem de fármacos e vacinas. Além de abrir espaço para novas linhas de pesquisa, o laboratório também fortalecerá trabalhos já em andamento na Fiocruz Pernambuco, impactando diretamente os setores de Virologia e Imunologia.

“Podemos verificar a evolução da doença nos animais, a letalidade e estabelecer correlações. Isso complementa o trabalho que já realizamos. Por exemplo, a tuberculose é amplamente conhecida, com muitos estudos disponíveis, mas sabemos que a bactéria pode desenvolver resistência às drogas utilizadas no tratamento. Portanto, é crucial estudar o desenvolvimento de resistência a esses medicamentos”, completou José Luiz.

A Plataforma de Alta Contenção integra a política de expansão da infraestrutura de pesquisa da Fiocruz, voltada para fortalecer a soberania científica do país e garantir respostas rápidas diante de crises sanitárias. Sua instalação em Pernambuco amplia a capacidade científica do Norte e Nordeste, regiões fundamentais para a vigilância e o estudo de doenças endêmicas.


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