Maricá é palco de ação coletiva de Saúde Única em aldeias indígenas –radardasaude

Joabe Antonio de Oliveira

31/08/2025

As aldeias indígenas guaranis de Maricá foram palco, nos dias 27 e 28 de agosto, de uma ação de Saúde Única que reuniu profissionais de diversas áreas e instituições parceiras em uma iniciativa conjunta. Médicos-veterinários, médicos, enfermeiros, biólogos, psicólogos, antropólogos, assistentes sociais e outros especialistas atuaram com o apoio do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio de Janeiro (CRMV-RJ), Instituto de Ciência, Tecnologia e Biomodelos da Fiocruz (ICTB/Fiocruz), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Estadual do Oeste de São Paulo (Unioeste), Distrito Sanitário Especial Indígena Litoral Sul (Dsei Litoral Sul) e Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), levando cuidados à saúde humana, animal, ambiental e ecossistêmica nas aldeias Mata Verde Bonita (Tekoa Ka’Aguy Ovy Porã) e Céu Azul (Tekoa Ara Hovy).

 

Na aldeia Mata Verde Bonita, foram coletadas 48 amostras de sangue de moradores e 28 de cães, além de amostras de solo e água. Também foram realizados cuidados preventivos com vacinação e vermifugação dos animais. Na aldeia Céu Azul, foram realizadas 25 coletas humanas, cinco de cães, além de coletas ambientais de solo e água e ações preventivas com os animais.

 

Segundo Carla Freitas, diretora adjunta do ICTB/Fiocruz e membro das comissões de Gestão de Riscos de Animais em Desastres, de Meio Ambiente e de Saúde Única do CRMV-RJ, a presença do médico-veterinário é essencial em ações desse tipo.

 

“O médico-veterinário desempenha um importante papel em projetos de Saúde Única, pois sua formação já oferece uma visão abrangente. Essa perspectiva permite conectar a saúde de diferentes espécies e do meio ambiente de forma integrada com outros profissionais. Trabalhamos com o conceito ampliado de saúde, que vai além da ausência de doenças, envolvendo condições adequadas de moradia, alimentação, paz, segurança e outras questões sociais”, afirmou.

 

O presidente das Comissões de Meio Ambiente e de Gestão de Riscos de Animais em Desastres do CRMV-RJ, Eduardo Mayhe, também destacou o caráter coletivo da iniciativa.

 

“A Saúde Única só se concretiza quando diferentes saberes se unem em prol de um mesmo objetivo. Essa ação mostra como a integração entre instituições, profissionais e comunidades indígenas fortalece a promoção da saúde de forma ampla, contemplando pessoas, animais e o ambiente onde vivem”, disse.

 

Para Jhoni Inácio, enfermeiro do DSEI Litoral Sul, o trabalho conjunto amplia os resultados dentro das comunidades: “É importante a integração dessas entidades, essa abrangência dentro dos territórios, desenvolvendo ações voltadas para a saúde única. A saúde deve ser considerada no nível humano, ambiental e também animal. Realizar coletas e considerar o contexto social e ambiental em que essas comunidades estão inseridas reflete em vários aspectos do cuidado.

 

As lideranças locais também ressaltaram a relevância da iniciativa. Amarildo (Vera Yapuã), liderança na área de saúde da aldeia Mata Verde Bonita, lembrou da importância do cuidado com os animais.

 

“Tem bastante cachorro aqui, está na faixa acima de cinquenta cães, então a gente recebe essas ações dentro da aldeia para prevenir e cuidar da saúde, o que para a gente é muito importante. Agradecemos mais uma vez todas as pessoas envolvidas e seguimos nessa luta”, disse.

 

Já Tupã, também liderança da aldeia, enfatizou o valor simbólico da ação.

 

“Venho aqui agradecer e dizer que estou muito grato pela ação na comunidade indígena. É mais do que uma ação, é cuidado com a vida. A aldeia da Mata Verde Bonita está numa área de restinga aqui em Maricá. Todos os dias encontramos animais abandonados, e a aldeia tem muito carinho por eles, pois entendemos que não nasceram de nós, mas nasceram para nós”, declarou.

 

A atividade reforça a importância da atuação multiprofissional e da cooperação entre diferentes áreas do conhecimento na promoção da saúde nos territórios indígenas, consolidando o conceito de Saúde Única como prática fundamental para o bem-estar das comunidades, dos animais e do meio ambiente.


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