Uma análise sobre a situação dos processos de vacinação e das listas de espera por atendimento especializado de saúde, feita por técnicos da unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Minas Gerais, pode ajudar a melhorar tais serviços no estado. O estudo está em debate em um seminário que ocorre entre esta segunda-feira (24/11) e terça (25/11) na Associação Médica de Minas Gerais, em Belo Horizonte.
De acordo com a Fiocruz Minas, o encontro será uma oportunidade para que os gestores municipais troquem experiências e busquem soluções junto a representantes da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e do Ministério da Saúde.
“As realidades são muito diferentes entre os municípios, mas várias das dificuldades são comuns”, explica Fausto Pereira dos Santos, pesquisador da Fiocruz em Minas e coordenador do estudo.
Ao todo, 31 municípios, de cinco microrregiões do estado, foram pesquisados entre abril e julho de 2025: a de Belo Horizonte, que envolve Santa Luzia, Caeté, Ribeirão das Neves, Moeda, Jaboticatubas e Sabará; a de Betim, formada por Piedade das Gerais, Brumadinho, Florestal, Igarapé e Esmeraldas; a de Contagem, que inclui Ibirité e Sarzedo; a de São João Del Rei, que engloba Coronel Xavier, Rezende Costa, Tiradentes, Santa Cruz de Minas, São Tiago, Barroso, Lagoa Dourada e Ritapólis; e, por fim, a de Barbacena, que abrange Paiva, Ressaquinha, Carandaí, Ibertioga e Alto Rio Doce.
Durante a análise, os técnicos da Fiocruz percorreram esses municípios e aplicaram questionários. Os dados coletados foram cruzados e, posteriormente, devolvidos aos gestores locais. O trabalho foi realizado após o lançamento, por parte do governo federal, do Programa Agora tem Especialistas, cujo objetivo é acelerar o atendimento e aproximar a população dos médicos especialistas no Sistema Único de Saúde (SUS).
O diagnóstico revelou que, na maioria desses municípios, ocorre um déficit de pessoal nas equipes de Saúde da Família. Em 70% deles há margem para aumento, ao passo que 26% já apresentam quantitativo considerado adequado. Apenas 1 município possui equipes acima do preconizado, segundo o estudo.
Fausto explica que as equipes constataram, entre as diversas particularidades, três situações mais recorrentes nesses municípios. Naqueles com populações muito pequenas, como, por exemplo, Lagoa Dourada, no Campo das Vertentes, onde não há hospitais ou atendimento em especialidades médicas, o programa do governo federal surtiu poucos efeitos para as equipes de saúde.
Já aqueles de porte médio, como São João del-Rei, na mesma região, que via de regra oferecem essa infraestrutura de saúde, enfrentam dificuldades organizacionais para tirar proveito do programa ‘Agora tem Especialistas’. Os gestores locais podem precisar, por exemplo, refazer contratos com unidades de saúde que prestam atendimentos ao SUS.
A terceira situação constatada pelo estudo costuma ocorrer em municípios mais populosos e estruturados, entre os quais Belo Horizonte, Contagem e Betim. Nessas cidades, há maior facilidade para tirar proveito do programa federal: o estudo da Fiocruz, inclusive, já identificou iniciativas no sentido de reduzir a lista de espera por atendimento especializado.
Vacinação
Ainda de acordo com o estudo, 87% dos municípios envolvidos afirmam promover capacitação para todos os profissionais envolvidos em trabalhos de vacinação: a realização contínua desse tipo de formação é considerara “fundamental” pela Fiocruz. Em 97% deles há registros das metas e coberturas vacinais.
As equipes da Fiocruz Minas, porém, constataram determinados problemas em algumas localidades, como falta de veículo para buscar imunizantes e registros de dificuldades de armazenamento, majoritariamente relacionados a interrupções no fornecimento de energia elétrica. Em algumas cidades também ocorre a falta sazonal de alguns imunizantes. “As pessoas procuram as vacinas em determinado dia, mas não tem, e depois não voltam mais”, sintetiza o coordenador do estudo.
Outras causas para o atraso vacinal apontadas pelo estudo dizem respeito a fatores culturais, políticos, ideológicos e religiosos, que, segundo a Fiocruz, foram intensificados durante a pandemia, frequentemente alimentados por fake news. Os pesquisadores, inclusive, identificaram líderes comunitários e até profissionais de saúde ecoando discursos contra os imunizantes. “Aqui no Brasil, os movimentos antivax são minoritários, mas têm alguma repercussão”, adverte Fausto.
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O coordenador do estudo alerta ainda para uma certa acomodação por parte dos cidadãos, motivada por puro desconhecimento. “Doenças graves, de alguma forma, já foram controladas pelas próprias vacinas e hoje há uma parcela grande da população que não conviveu com essas doenças, como paralisia infantil e epidemias de sarampo e de meningite”, pondera. “A imunização é essencial para manter essas e outras enfermidades sob controle”, conclui.
Ampliação
A pesquisa da Fiocruz Minas foi financiada por emenda parlamentar disponibilizada pela deputada federal Ana Pimentel (PT). De acordo com o coordenador do estudo, há a intenção de percorrer mais municípios mineiros no ano que vem, mas a ampliação do trabalho ainda depende de recursos financeiros.
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