Pesquisador da Fiocruz recebe prêmio por projeto de assistente de IA em oncologia-radardasaude

O pesquisador do Programa de Computação Científica da Fiocruz (PROCC/Fiocruz), Fabrício Alves Barbosa da Silva, recebeu o prêmio máximo do Fundo de Incentivo à Pesquisa (FIP) da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), no valor de R$ 150 mil. 

Ele e outros parceiros ganharam o prêmio pelo projeto “OncoGuIA: Um assistente inteligente para democratizar as diretrizes oncológicas da SBOC” que foi selecionado entre aproximadamente 100 submissões de todo o país durante o Congresso da SBOC 2025, realizado em novembro.

“A premiação reconhece um trabalho desenvolvido desde 2019/2020 no PROCC, em colaboração com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Instituto Nacional do Câncer (INCA) e uma especialista jurídica, consolidando uma linha de pesquisa voltada à aplicação de inteligência artificial em oncologia”, explica o pesquisador.

O desafio

O câncer de mama é o tipo de câncer mais incidente em mulheres no Brasil, com cerca de 73 mil novos casos estimados por ano, segundo o INCA. E, apesar de a SBOC produzir diretrizes atualizadas anualmente, a adoção prática entre os oncologistas clínicos nem sempre é viável. “Temos uma divisão desigual e o especialista muitas vezes não tem tempo nem de se atualizar com as diretrizes”, comenta Fabrício.

A solução: OncoGuIA

O OncoGuIA é um assistente inteligente conversacional desenvolvido em português brasileiro, capaz de interpretar dúvidas clínicas e oferecer respostas baseadas em diretrizes da SBOC, aprovações da ANVISA, atualizações da ANS e evidências científicas revisadas.

“O sistema opera com arquitetura RAG (Geração Aumentada por Recuperação) para garantir rastreabilidade das fontes e evitar informações fora de contexto. Funciona também offline, facilitando o uso em regiões de difícil conectividade”, explica o pesquisador.

A primeira fase será dedicada ao câncer de mama e prevê:

• Validação por pelo menos 15 oncologistas de 3 ou mais instituições
• Testes de acurácia com meta superior a 90%
• Redução estimada de 40% no tempo de consulta
• Análise jurídica contínua sobre uso de IA na prática clínica

Próximos passos

O cronograma prevê dois anos de desenvolvimento até a entrega de uma versão para o Sistema Único de Saúde (SUS). A ferramenta será descentralizada e de baixo custo computacional, podendo operar em servidor nacional ou em hospitais locais.

“A expectativa é que, após a conclusão da primeira fase, o OncoGuIA possa ser expandido para outros tipos de câncer, mediante colaboração com especialistas clínicos de cada área”, finaliza o especialista.