Presidente da Fiocruz destaca os marcos da Fundação em 125 anos e aborda os atuais desafios-radardasaude

Joabe Antonio de Oliveira

23/09/2025

A Fiocruz completou 125 anos em 2025. Nascida com o nome de Instituto Soroterápico Federal, a instituição se expandiu, abriu unidades e escritórios país afora e se tornou a principal instituição biomédica da América Latina e uma das mais importantes do mundo. Em entrevista, o presidente da Fundação, Mario Moreira, lista os maiores destaques da instituição neste período, dos tempos do patrono Oswaldo Cruz aos dias de hoje. Ele comenta os desafios à frente da Fiocruz, recorda a atuação na pandemia de Covid-19 e aborda a preparação da instituição para futuras pandemias. Moreira apresenta as ações da Fundação para o fortalecimento do SUS e a ampliação do acesso à saúde da população brasileira, especialmente em áreas mais vulneráveis, assim como principais inovações tecnológicas e científicas que a Fiocruz está desenvolvendo. O presidente pontua ainda a missão educacional da Fundação.
 

Mário Moreira

Mario Moreira: a Fiocruz é um patrimônio nacional único, reconhecido por todos, inclusive internacionalmente, como o símbolo mais importante da ciência e da saúde pública brasileiras (Foto: Peter Ilicciev)

Nos 125 anos da Fiocruz, que marcos destaca como os mais significativos desta trajetória?

Mario Moreira: As origens da Fiocruz remontam ao ano de 1900, quando surgiu, na Fazenda de Manguinhos, o Instituto Soroterápico Federal (ISF), embrião da atual Fundação, e começou então uma trajetória que é indissociável da história da ciência e da saúde pública no Brasil. As primeiras gerações buscavam um espaço que aliasse pesquisa científica, educação, comunicação, vigilância, inovação tecnológica e produção de bens e serviços, o que fez da Fiocruz um patrimônio nacional único, reconhecido por todos, inclusive internacionalmente, como o símbolo mais importante da ciência e da saúde pública brasileiras. A Fiocruz, portanto, sempre trabalhou pela ciência, a favor da vida e pautada pelas grandes questões da saúde pública.  

A Fiocruz nasceu da necessidade de enfrentar uma pandemia, a de peste bubônica, e se expandiu sob a direção de Oswaldo Cruz. Aqueles pioneiros foram responsáveis por nos colocar na fronteira do conhecimento. Um dos grandes feitos da instituição ocorreu em 1909, quando Carlos Chagas, pesquisador e diretor do Instituto Oswaldo Cruz – denominação seguinte do ISF –, descreveu a enfermidade que ficou conhecida com o seu nome, a doença de Chagas. Ele se tornou o primeiro pesquisador a descrever o ciclo completo de uma doença, com a identificação do parasito, seu vetor e o agravo causado.  

Na década de 1910, cientistas do Instituto desbravaram o Brasil. Eles acompanharam a expansão do Estado em obras para a modernização da infraestrutura, construção de ferrovias, projetos de desenvolvimento na Amazônia, obras contra as secas no Nordeste e outras iniciativas. A Fiocruz contribuiu para a organização da saúde pública em nível federal, com a criação do Departamento Nacional de Saúde Pública, em 1920, e para o Ministério da Educação e Saúde, na década de 1930. Assim como desempenhou um papel importante, desde a década de 1940, na campanha pela instalação do Ministério da Ciência.

Ainda na década de 1930 a instituição perdeu autonomia, com o Governo Vargas. Com o golpe de 1964 foi duramente atingida pelo Massacre de Manguinhos, ocasião em que ocorreu a cassação dos direitos políticos de alguns de seus cientistas. A redemocratização do país, a partir da década de 1980, também trouxe ares de liberdade à Fiocruz. Na presidência do sanitarista Sergio Arouca, que assumiu em 1985, foram recriados programas e estruturas e realizou-se o 1º Congresso Interno, marco da moderna Fiocruz. Na década de 1980, a Fiocruz desempenhou um papel relevante no movimento pela Reforma Sanitária e na proposta de criação do Sistema Único de Saúde (SUS).

Outro fundamental avanço foi o isolamento do HIV tipo 1 (HIV-1) pela primeira vez na América Latina, em 1987. Um marco na história da epidemia da Aids, que permitiu o desenvolvimento de iniciativas complementares, fundamentais para o enfrentamento da doença e a melhoria da qualidade de vida de pacientes. A Fundação também deu relevante contribuição para a criação de legislação ambiental e participou ativamente da Eco-92 e da Rio+20. Neste século a instituição tornou-se, pela sétima vez, Centro Colaborador para a Organização Mundial da Saúde – desta vez para Saúde Global e Cooperação Sul-Sul –, expandiu-se nacionalmente e lançou o Fioantar, laboratório de pesquisas na Antártica.

Outros avanços recentes foram o deciframento do genoma da BCG e a atuação na pandemia de influenza A (H1N1), na epidemia de zika e na pandemia de Covid-19. Nesta última teve papel estratégico na produção de uma vacina contra a doença, entregando milhões de doses de imunizantes ao SUS e ajudando a proteger a população brasileira.  

Quais os principais desafios que a Fiocruz enfrenta para manter seu papel como referência em ciência, tecnologia e saúde pública?

Mario Moreira: Conciliar tradição e inovação. Trabalhar com a mesma inspiração que tiveram as gerações passadas da Fiocruz, e que elas sejam sempre modelo para quem está hoje na instituição. Buscar um desenho de futuro capaz de atualizar cada vez mais nosso papel estruturante para a democracia e a saúde pública. Estabelecer formas cada vez mais eficazes de dialogar com a sociedade. Estar preparados para responder de imediato às emergências sanitárias. Poder auxiliar países do Sul Global, como já fomos amparados no passado.

Enquanto instituição estratégica do Estado brasileiro, a Fiocruz enfrenta ainda uma série de desafios do ponto de vista de condições jurídicas e administrativas para exercer plenamente esse papel. Um dos principais pontos de diálogo da Fundação com o governo e internamente atualmente diz respeito a isso.

Os desafios são ainda maiores por ser este um momento em que todo o sistema de ciência, tecnologia e inovação do Brasil enfrenta muitos desafios, como a falta de investimentos e os cortes de verbas. A Covid-19 revelou e aprofundou desigualdades. Entre elas, aquela que segrega os países entre os que dispõem e os que não dispõem de capacidade científica, tecnológica e industrial. Ficou evidente que respostas a grandes desafios dependem da ciência e da inovação, envolvendo o conhecimento em diferentes áreas e o desenvolvimento tanto de tecnologias biomédicas quanto de tecnologias sociais no campo da saúde coletiva. Nessa perspectiva, a pandemia colocou-se como um desafio para aprofundar, ainda mais, a ciência e a tecnologia como caminhos para a qualidade de vida, a sustentabilidade ambiental, a soberania nacional e o fortalecimento do nosso SUS, buscando uma inserção global orientada pela solidariedade.

Há ainda uma série de desafios relacionados à mudança do perfil epidemiológico e sanitário do Brasil, que sai de um perfil de saúde pública marcado pelas doenças infectocontagiosas e migra para um cenário de aumento de carga de doenças ligadas ao envelhecimento da população, como diabetes e hipertensão. Há também uma interface importante entre clima e saúde que vem trazendo impactos à saúde pública, com efeitos mais profundos nas populações vulnerabilizadas.

A Fundação Oswaldo Cruz sempre teve um papel importante no combate a epidemias no Brasil. Como a experiência da instituição ajudou no enfrentamento da pandemia de Covid-19?

Mario Moreira: A pandemia de Covid-19 chegou ao país quando a Fiocruz completava 120 anos. Naquela ocasião a instituição assumiu o seu papel histórico de combate a epidemias. Desde a geração de conhecimentos e a difusão de informações técnicas para a população e gestores; passando pela inédita transferência de tecnologia que permitiu a produção da vacina 100% nacional; e na construção, em tempo recorde, da segunda maior UTI dedicada à Covid-19 no Brasil. Todo o sistema articulado da Fiocruz em pesquisa, educação, serviços e produção foi acionado em sua capacidade máxima, para fornecer respostas eficazes.

Já nos primeiros anos do século 20 o Instituto de Manguinhos, embrião da atual Fiocruz, havia alcançado reconhecimento dentro e fora do país por sua atuação no combate às epidemias de peste bubônica, varíola e febre amarela no Rio de Janeiro no início do século 20, sob o comando de Oswaldo Cruz. Anos mais tarde, em 1918, com a chegada ao país da gripe espanhola, que se disseminou rapidamente, provocando grande número de mortes na então capital federal, os jornais começaram a cobrar, do governo, ações para conter a epidemia e mitigar o sofrimento da população. No auge da crise sanitária provocada pela gripe espanhola, os pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz foram convocados para trabalhar em hospitais provisórios. E Carlos Chagas, que assumiria o Instituto depois da morte de Oswaldo Cruz, em 1917, recebeu a coordenação-geral desses estabelecimentos.

O envolvimento da Fiocruz nas crises sanitárias se repetiu em outras ocasiões ao longo das décadas. Desde janeiro de 2020, quando a OMS classificou o surto do novo coronavírus como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) concentramos esforços para oferecer respostas rápidas no enfrentamento da Covid-19. Diante de um cenário de escassez global de vacinas, o Brasil só foi capaz de iniciar a vacinação graças à atuação de suas instituições de ciência e tecnologia, em particular a Fiocruz, o Instituto Butantan e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), três organizações públicas.

Fizemos um processo de encomenda tecnológica inovador e de grande relevância para os países em desenvolvimento. Foi a mais rápida transferência de tecnologia de todo ciclo produtivo, do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) à vacina com produção 100% nacional. Neste sentido, o Brasil avançou em sua soberania na área, incluindo a capacidade para o desenvolvimento de novas vacinas em uma plataforma de terceira geração.

A Fiocruz também foi designada pela OMS como laboratório de referência para o combate à Covid-19 nas Américas e como o hub regional para as vacinas de RNA mensageiro.Outras pesquisas da Fiocruz contribuíram para ampliar o conhecimento sobre a Covid-19 e seus impactos individuais e coletivos, além de expandir a capacidade de produção, sistematização e difusão do conhecimento. Foram muitas as respostas e as entregas da Fiocruz, em suas várias frentes de atuação na pandemia.

Como a instituição está se preparando para futuras pandemias e emergências sanitárias globais? Há uma estratégia nacional em parceria com o governo?

Mario Moreira: Desde as campanhas de Oswaldo Cruz contra a febre amarela e a peste, a Fiocruz já se destacava por sua ação na vigilância, na produção da vacina, na atuação em sintonia com o Governo Federal, no ensino, na qualificação profissional. Ou seja, sempre atuou como uma instituição estratégica do Estado na resposta a surtos e epidemias.

Atualmente esse alinhamento se dá em vários eixos. Entre eles a modelagem e a análise de dados, já que a Fiocruz produz o InfoGripe, uma ferramenta que disponibiliza, para todo o país, as previsões sobre o comportamento das arboviroses e dos vírus respiratórios. Mais recentemente, participamos ativamente na exclusão dos casos suspeitos de gripe aviária.

Além disso, o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) conduz pesquisas que ampliam a obtenção de conhecimento e de evidências científicas por meio da vinculação de grandes bases de dados e tecnologias complexas. O Cidacs tem acumulado achados robustos e inovadores, focados principalmente no impacto das questões sociais, econômicas e ambientais nas desigualdades em saúde.

A Fiocruz conta hoje com 16 unidades técnico-científicas e em todas elas há laboratórios aptos a fazer diagnósticos de referência para os laboratórios centrais de saúde pública do Ministério da Saúde. Nossas referências não apenas capacitam recursos humanos como fazem diagnósticos em diferentes agravos e desenvolvem novas tecnologias. Um exemplo foi o desenvolvimento de um ensaio para febre oropouche na Fiocruz Amazônia, o que permitiu que esse diagnóstico estivesse disponível em todo o país.

Vale lembrar que a identificação dos sorotipos 1, 2 e 3 do vírus da dengue foi feita pela Fiocruz, o que evidencia a importância da instituição no campo do diagnóstico, desde a capacidade de bancada, mas também no sequenciamento genético e no desenvolvimento de novas tecnologias. Outro aspecto relevante são as atividades relativas à vigilância entomológica e controle vetorial. Algumas metodologias desenvolvidas na Fiocruz foram incorporadas como políticas públicas do MS, como a da wolbachia, as estações disseminadoras de larvicidas, as ovitrampas, entre outras.

Em relação à assistência, a instituição conta com duas grandes unidades hospitalares que são referência para o MS: o Instituto de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), que não só presta assistência, como também participa de diversos estudos de pesquisa clínica. A outra é o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).

O ensino é uma atividade clássica da instituição, não somente nos programas de pós-graduação, mas também em plataformas virtuais que dão acesso a cursos de preparação e resposta, treinamento e qualificação para análise de dados, atualização no manejo clínico e no controle de vetores, entre outros. A comunicação e a informação ganharam relevância após a pandemia e aprendemos a nos comunicar ainda melhor com a população, dentro de uma linguagem acessível e com populações vulneráveis, incluindo quilombolas, indígenas, pessoas em situação de rua e privadas de liberdade, entre outras.

A Fiocruz tem participação ativa na produção de vacinas, testes de diagnóstico e produtos farmacêuticos em resposta a programas do MS. Somos hoje ponto focal na preparação e respostas à OMS, à Opas e ao MS. A instituição tem representação nas salas nacionais e centros de operações de emergências, o que permite uma atuação integrada, não só nas demandas do MS, mas também naquelas sinalizadas pelos diversos grupos de pesquisa, com vistas a uma resposta oportuna, qualificada e eficiente.

É importante ressaltar também que os investimentos feitos durante a pandemia de Covid-19 tiveram impacto prolongado do ponto de vista de infraestrutura e de processos, o que nos confere capacidade de resposta para outras emergências sanitárias.  Exemplos disso são as unidades centrais de diagnóstico, o biobanco e a unidade hospitalar. Ao mesmo tempo, a plataforma de vacinas de Covid-19 hoje pode ser aproveitada para vacinas de  RNA mensageiro.

A Fiocruz têm tido seu papel na Saúde global cada vez mais reconhecido – não só no âmbito de enfrentamento de epidemias, mas na cooperação com os países pelo fortalecimento dos sistemas de saúde. Essa atuação busca, sobretudo, reduzir as iniquidades no acesso e na promoção da saúde, o que significa menos assimetrias no sul global. Dessa forma, todos os países, atuando de forma cooperada entre o Norte e o Sul, poderão enfrentar melhor futuras pandemias e desafios de saúde pública.

Como a Fiocruz vem atuando para fortalecer o SUS e ampliar o acesso à saúde da população brasileira, especialmente em áreas mais vulneráveis?

Mario Moreira: A Fiocruz trabalha com foco na ampliação de sua capacidade de produção para oferta de serviços e produtos ao SUS e à população brasileira, atuando fortemente nas áreas de desenvolvimento de tecnologias e terapias avançadas – celulares e genéticas – e de novas e melhores vacinas e medicamentos.

Desde a pandemia houve um crescimento dessas ações da Fiocruz, de modo a fortalecer o SUS no que diz respeito às populações e territórios vulnerabilizados ou em situação de vulnerabilidade. Durante a pandemia criamos o Plano Fiocruz de Enfrentamento à Covid-19 nas Favelas do Rio de Janeiro, com o lançamento de um edital público para contemplar projetos que tivessem o compromisso de reduzir os efeitos da Covid-19 nas comunidades. O Plano contou com o apoio de instituições como UFRJ, Uerj, PUC-RJ, Uenf, IFF, Abrasco, SBPC e Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Com a iniciativa a Fiocruz reconhecia o trabalho das organizações que atuam nas comunidades e, sobretudo, a importância da participação social na formulação das soluções para esses territórios.

Outra iniciativa foi o projeto Conexão Saúde: de olho na Covid, cujo objetivo foi formar parcerias para fortalecer o combate à pandemia nas favelas. A evolução e ampliação dessas iniciativas foi o projeto que chamamos carinhosamente de 146 vezes Favela. O financiamento da Alerj viabilizou a iniciativa, que cresceu gradativamente, primeiro com 46 e agora são 146 projetos, envolvendo diferentes territórios e comunidades.

No combate ao racismo fizemos oficinas de trabalho e projetos de capacitação junto com o Ministério da Saúde. Um dos produtos dessa parceria é o Observatório de Saúde da População Negra. Há projetos que estudam as questões da saúde mental, alguns em parceria com a Rede Maré e com outras organizações dos territórios vizinhos à Fiocruz.

Participamos de um encontro, organizado pela Presidência da República com representantes de diferentes ministérios, na Fiocruz. Na ocasião a comunidade da Maré apresentou uma lista de reivindicações no que diz respeito às condições de vida da região, o que gerou um Caderno de Respostas organizado pelo Governo Federal e entregue à comunidade em um evento na Fiocruz. Ou seja, há um conjunto de ações que buscam o fortalecimento do SUS junto aos indivíduos em situação de vulnerabilidade, os territórios de favela, a população negra e de matriz africana.

A Fiocruz aposta fortemente nas ações em territórios, o que envolve saúde da família e interações com populações vulnerabilizadas, por exemplo. Atuamos não apenas na análise e em políticas públicas, mas também no diálogo e na  atuação direta nos territórios.

Quais as principais inovações tecnológicas e científicas que a Fiocruz está desenvolvendo?

Mario Moreira: Não podemos falar na história da Fiocruz sem citar seu compromisso permanente com inovações tecnológicas e científicas. Em março deste ano lançamos a primeira inteligência artificial para registro de pesquisa clínica do mundo, a Rebec@, que pode ser usada por pesquisadores brasileiros e estrangeiros dedicados a pesquisas clínicas. Conectado a uma base de aprendizagem atualizada em regulação e boas práticas em pesquisa clínica, o robô trabalha com um rol de temas – condições de saúde, doenças, populações específicas e outros – considerados prioritários pelo Ministério da Saúde e pela OMS.

A Fiocruz tem investido em tecnologias avançadas, como a plataforma de RNA mensageiro (mRNA), incluindo uma vacina contra a Covid-19 que está em fase pré-clínica. Fomos selecionados pela OMS para integrar uma iniciativa que visa democratizar o uso da tecnologia de mRNA, para ampliar a capacidade de desenvolvimento, promovendo equidade na distribuição de vacinas. Norteados por um compromisso sólido com o SUS, estamos em constante transformação e refletindo permanentemente sobre o futuro. O desenvolvimento de inovações tecnológicas e científicas reafirma nossos valores e fortalece a articulação e interação com a sociedade.

A Fiocruz tem uma atuação importante na formação de profissionais de saúde e pesquisadores. Quais os planos para expandir ainda mais esta missão educacional?

Mario Moreira: A missão educacional é um pilar fundamental da instituição e impulsiona nossa missão como instituição pública fundamental e estratégica para o SUS. A Fiocruz está em constante transformação, mas se orienta pela reafirmação do projeto formulado pelas primeiras gerações: o de uma instituição que alia pesquisa científica, educação, comunicação, vigilância, inovação tecnológica e produção de bens e serviços.

A educação na Fiocruz estabelece interfaces com a pesquisa e a prestação de serviços, tanto no âmbito nacional quanto internacional. Temos uma formação diversa e inclusiva em diferentes modalidades, como a pós-graduação stricto e lato sensu, a qualificação profissional e a educação profissional em saúde em diferentes campos do conhecimento para os trabalhadores e trabalhadoras da saúde. São cursos nas mais variadas temáticas, mas alguns temas da atualidade têm sido mais demandados para formação: mudanças climáticas, transformações tecnológicas e saúde digital e desinformação.

A internacionalização da educação na Fiocruz nos projeta para uma expansão gradual de processos formativos. Temos a possibilidade de ampliarmos o acesso em todo território nacional e para estudantes estrangeiros por meio do Campus Virtual Fiocruz. Recentemente chegamos a um quantitativo de 900 mil alunos matriculados na plataforma. Voltada para estudantes da educação básica, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, incluindo a Educação de Jovens e Adultos (EJA), a Olimpíada Brasileira de Saúde e Ambiente (Obsma Fiocruz) tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), fortalece conexões entre saúde, educação e meio ambiente. Esse programa traz um contato mais precoce dos estudantes com a ciência e com a pesquisa. Quanto mais cedo nos aproximarmos desses estudantes, mais cedo seremos capazes de conquistar mentes e corações para o trabalho com a ciência.

*A entrevista acima, feita em parceria pela AFN, foi publicada originalmente na revista da Associação Paulista de Medicina.


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