Produção de Etanol injetável é autorizada contra intoxicação-radardasaude

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, em caráter emergencial, a produção de etanol injetável no Brasil. A substância é utilizada usada como antídoto em casos de intoxicação por metanol.

A medida foi publicada em resolução na última sexta-feira (11) como parte das ações de enfrentamento ao surto de intoxicações provocadas pelo consumo de bebidas adulteradas.

O primeiro lote de fabricação de etanol injetável será feito pela laboratório Cristália. A empresa vai produzir12 mil ampolas e doará toda a produção ao Ministério da Saúde.

Diretor-presidente da Anvisa, Leandro Safatle elogiou a rapidez da resposta entre o poder público e o setor produtivo:

“Nos momentos de emergência que o país enfrenta, a indústria sempre se prontifica a atender da melhor forma possível. Nesse caso, é possível ver mais uma vez a celeridade da ação do Ministério da Saúde e da Anvisa para proteger a população brasileira”.

Etanol injetável e etanol farmacêutico

Além da produção do etanol injetável, a agência regulamentou, no início do mês, um procedimento temporário que permite a fabricação emergencial do etanol farmacêutico, administrado via intravenosa. A condição de produção é que a empresa esteja localizada no país e cumpra todos os requisitos sanitários e de qualidade.  

O etanol farmacêutico bloqueia a transformação do metanol em ácido fórmico, substância tóxica responsável por sintomas mais graves, como cegueira e falência de órgãos. No entanto, seu uso pode causar embriaguez como efeito colateral. Outro antídoto, o fomepizol, tem ação semelhante e menor risco de efeitos adversos.

Casos de intoxicação por metanol no Brasil

De acordo com o Ministério da Saúde, até este momento, o Brasil já contabiliza 29 casos confirmados de intoxicação por metanol: 25 em São Paulo, três no Paraná e um no Rio Grande do Sul. Também há 217 casos suspeitos em diferentes estados. Cinco mortes foram confirmadas, enquanto outras 12 estão sendo investigadas.

Em outra ação para lidar com surto, na semana passada, o governo brasileiro recebeu 2,5 mil ampolas de fomepizol. As doses adquiridas da farmacêutica japonesa Daiichi-Sankyo por meio do Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A carga foi destinada ao SUS, com prioridade para São Paulo, estado que concentra o maior número de casos.

Sobre o metanol

O metanol é um álcool usado principalmente como solvente e combustível industrial. Quando ingerido, é metabolizado pelo fígado em formaldeído e ácido fórmico, substâncias altamente tóxicas.

Há a suspeita de produção clandestina de bebidas que reutilizam garrafas e fazem uso do metanol na produção e/ou limpeza das garrafas. Apenas 10 mililitros podem causar cegueira, e 30 mililitros podem ser fatais.

Autoridades de saúde recomendam não consumir bebidas de procedência duvidosa. Em caso de sintomas como dor abdominal intensa, tontura e confusão mental após ingerir álcool, a orientação é buscar atendimento médico imediato. O tratamento nas primeiras seis horas pode evitar sequelas graves e a evolução do quadro.