Rede de Plataformas Tecnológicas (RPT) da Fiocruz celebra 20 anos-radardasaude

Planejar os próximos passos da ciência, fortalecer a colaboração e avançar rumo à independência tecnológica foram os grandes eixos que marcaram o II Simpósio da Rede de Plataformas Tecnológicas (RPT) da Fiocruz. O evento, realizado nos dias 1º e 2 de outubro de 2025 no Museu da Vida Fiocruz, no Rio de Janeiro, celebrou os 20 anos da Rede ao mesmo tempo em que abriu espaço para refletir sobre os desafios futuros da prestação de serviços tecnológicos, pesquisa e da inovação em saúde no Brasil.

“A Rede de Plataformas da Fiocruz é um pilar importantíssimo para a nossa pesquisa. Ainda mais no contexto dos 125 anos da Fiocruz, quando pela primeira vez, nós teremos o nosso Programa de Desenvolvimento Institucional da Pesquisa. E aqui cada um é partícipe dessa construção”, enfatizou. Foi com essa visão que a vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB) da Fiocruz, Alda Maria da Cruz, abriu oficialmente o simpósio, reunindo cientistas, gestores e parceiros de todas as regiões do país.

Segundo a vice-presidente, é importante ter em mente que o simpósio é também a oportunidade para discutir o futuro. “É um momento também da gente pensar sobre soberania e ter a independência tecnológica necessária. Temos que pensar em soluções de como estruturar isso, inclusive, do ponto de vista financeiro”, afirmou.

Na abertura, o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, ressaltou o caráter simbólico da celebração. “Estamos diante de um marco fundamental para a instituição, fruto da dedicação de centenas de profissionais que compõem a Rede de Plataformas Tecnológicas. É uma conquista coletiva que impacta diretamente a capacidade da Fiocruz de responder aos desafios da saúde pública brasileira”, declarou.

Um olhar estratégico para o futuro

Com o lema “II Simpósio da Rede de Plataformas Tecnológicas Fiocruz – 20 anos de conexões, descobertas e futuro em saúde”, o evento ocorre com o papel central da RPT como catalisadora de ciência de ponta no Brasil. “O encontro foi planejado como um espaço de integração e planejamento coletivo, fortalecendo o papel da RPT na promoção da inovação, da excelência em serviços tecnológicos e da colaboração institucional”, detalhou a gestora executiva da RPT, Cássia Pereira.

A coordenadora destacou também a importância do simpósio dentro desse contexto. “Esse não é apenas um evento comemorativo. É, sobretudo, um espaço de reflexão estratégica e de planejamento coletivo. Queremos olhar para os 20 anos que já vivemos, identificar os avanços e desafios, e construir juntos as perspectivas para o futuro da Rede”, revelou.

Cássia disse ainda que a RPT existe para servir à pesquisa da Fiocruz e ao Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo excelência em serviços tecnológicos e inovação científica. “Essa é uma história que não é minha, mas nossa, feita por cada pessoa que integra essa rede. Hoje celebramos emoção, conquistas individuais e, acima de tudo, uma grande vitória coletiva”.

O pioneirismo que abriu caminhos

O coordenador científico da RPT, Wim Degrave, um dos fundadores da Rede, lembrou o caráter inovador e desafiador de iniciar uma rede desse porte. “A RPT nasceu como uma confluência de fatores: infraestrutura, talentos e, principalmente, a visão de que o trabalho colaborativo é essencial para avançar a pesquisa. Hoje, com 40 anos de Fiocruz, olho para trás e vejo o quanto conseguimos evoluir. Mas o mais importante é discutir para onde vamos. O objetivo maior é garantir o progresso da pesquisa, e a Rede seguirá sendo um pilar nesse processo”.

Memória e reconhecimento

Na oportunidade, o pesquisador Marcelo Pelajo, vice-presidente adjunto de Saúde Global e Relações Internacionais (VPSGRI) da Fiocruz, apresentou uma linha do tempo sobre os primeiros passos da Plataforma de Microscopia Confocal no Instituto Oswaldo Cruz (IOC/RJ) e sua integração à RPT, destacando marcos históricos fundamentais para a consolidação do modelo de plataformas na instituição.

“É uma honra estar presente nesta celebração dos 20 anos da Rede. Reviver essa trajetória é compreender a força que a RPT teve em integrar talentos, tecnologias e sonhos científicos em benefício da saúde pública”, afirmou Pelajo.

Entre os depoimentos emocionados, a coordenadora de Qualidade (CQuali) da Fiocruz, Renata Almeida destacou como sua própria carreira se entrelaçou com a história da Rede. “Muito do que sei devo à RPT. Desde que entrei em 2006, percebi que poderia unir minha formação científica à área de gestão da qualidade. A Rede foi o espaço que me permitiu colocar esse sonho em prática, coordenando iniciativas que até hoje fortalecem nosso trabalho coletivo. Essa trajetória mudou minha vida profissional e me ensinou a acreditar no poder da colaboração”.

Reflexões críticas e caminhos para o futuro

Entre os debates, a pesquisadora do Instituto Gonçalo Moniz (IGM – Fiocruz Bahia), Marilda Gonçalves, destacou a importância de a RPT assumir papel protagonista na busca por autonomia e soberania tecnológica.

“Vejo a Rede de Plataformas dar um salto fenomenal quando presta serviços e quando contribui para o desenvolvimento tecnológico. A Rede é um sucesso excepcional, mas precisamos evoluir quando avaliamos que temos equipamentos que se tornam obsoletos rapidamente. É cada vez mais caro fazer manutenção e comprar insumos, então precisamos pensar em modelos que deem conta desse desafio. Desejo vida longa à RPT e que esse sucesso perdure por muitos anos”.

A coordenadora executiva da RPT, Cássia Pereira, reforçou que esse é um dos pontos centrais de atuação da Rede no próximo período. Segundo ela, o trabalho conjunto entre o comitê gestor e os comitês científicos já buscam alternativas para reduzir a dependência tecnológica e garantir soluções sustentáveis de inovação.

O Simpósio contou ainda com a participação de parceiros estratégicos da Rede que puderam compartilhar o desenvolvimento e avanços no campo da pesquisa. Participaram do encontro o diretor do Instituto Keizo Asami (iLIKA), Jose Luiz Lima Filho, a diretora da Plataforma GALA – França, Maria Ines Rê, a diretora do LNBio do Centro Nacional de Pesquisa em Energua e Materiais (CNPEM), Maria Augusta Arruda e a coordenadora da Rede de Pesquisa Translacional (PPT/Fiocruz), Ana Paula Cavalcanti. O membro do Comitê Científico RPT e consultor, Octavio Fernandes, mediou o debate.  

Para celebrar a trajetória dos 20 anos da Rede, foi lançada a edição comemorativa da Revista RPT. Além de revisitar o passado, desde sua construção como uma iniciativa ousada, a publicação especial com 130 páginas, também mostra a consolidação do trabalho desenvolvido, que se tornou referência nacional. Um dos destaques é a entrevista com a vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas, Alda Cruz, que faz uma análise sobre os desafios da ciência e da saúde no âmbito da RPT para os próximos anos. 

Premiações e homenagens

Em memória, após a primeira mesa, três cientistas que marcaram a história da RPT foram homenageados:

•  Milton Moraes – pioneiro na lógica do compartilhamento e sempre disposto a apoiar colegas, mesmo nos dias mais corridos.

•  Rodrigo Corrêa Oliveira – imunologista, exemplo de dedicação e acolhimento, que transformava cada encontro em um momento especial. Ele foi um grande incentivador da RPT.

•  Marco Krieger – reconhecido por sua capacidade única de encontrar soluções e apoiar a Fiocruz em todas as frentes, deixando um legado que permanece vivo na memória coletiva.

Houve ainda homenagens a representantes de Plataformas Tecnológicas de todas as regiões do País.