Um dos principais legados da 1ª Conferência dos Institutos Nacionais de Saúde Pública (INSP) dos Brics, organizada pela Fiocruz em parceria com o Ministério da Saúde (MS), é a criação da Rede permanente dos INSPs do bloco, uma forma de dar continuidade aos diálogos iniciados esta semana no evento. O objetivo é que sejam constituídos grupos de trabalho e novas parcerias que fortaleçam os sistemas de saúde dos países, incluindo o Brasil. A criação da Rede é um dos diversos compromissos dos INSPs, que ainda irão compor a Declaração da Conferência. O documento foi consensuado pelo grupo ao longo do evento e será divulgado em breve.
A proposta da Rede foi acolhida pelo representante da Índia (país que assume a presidência dos Brics no próximo ano), Rajan Das, no último dia do evento, que ocorreu entre 15 3 17 de setembro no Rio de Janeiro. Representantes dos INSPs dos países que compõem o Brics e de parceiros, além de representantes diplomáticos, das Nações Unidas, do Governo Federal e da Fiocruz, debateram a temática da cooperação técnica e científica para o fortalecimento dos sistemas de saúde pública. A partir de painéis com tópicos estratégicos (vigilância e resposta a emergências, mudança climática e saúde, e combate à fome e pobreza, dentre outros), os participantes indicaram compromissos comuns, como a criação da rede e sugeriram recomendações aos seus governos.
Vice-presidente de Saúde Global e Relações Internacionais da Fiocruz, Lourdes Oliveira destacou o valor dos diálogos estabelecidos na reunião, que, para ela, marcarão a trajetória da cooperação em saúde pública entre os países. “Nossas discussões reafirmaram a centralidade dos INSPs na construção de sistemas de saúde resilientes, capazes de proteger nossas populações de crises sanitárias, mudanças climáticas, iniquidades sociais e tantos outros desafios”, disse Oliveira. “Mais do que declarações, reconhecemos a necessidade de resultados concretos. É nesse espírito que a Fiocruz, junto com o Ministério da Saúde, declara a criação da Rede dos Institutos Nacionais de Saúde Pública dos Brics e reforça o papel dessa rede como um mecanismo estratégico para ampliar a cooperação entre nós, incluindo a criação de grupos de trabalho que permitirão traduzir nossas aspirações em ações práticas e coordenadas”.
Vice-presidente de Saúde Global e Relações Internacionais da Fiocruz, Lourdes Oliveira destacou o valor dos diálogos estabelecidos na reunião, que, para ela, marcarão a trajetória da cooperação em saúde pública entre os países (foto: Pedro Linger)
Ao saudar a criação da Rede, o representante do Ministério da Saúde e da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais (Aisa), Guilherme Cyrne, disse que a conferência é “uma demonstração do comprometimento dos países do Brics com o principal objetivo do bloco: a construção de uma ordem internacional mais inclusiva e representativa”.
A diretora de Vigilância Colaborativa, Força de Trabalho e Emergências de Saúde da Associação internacional dos Institutos nacionais de Saúde pública (Ianphi, na sigla em inglês), Sadaf Lynes, também destacou o comprometimento dos presentes na reunião com uma colaboração efetiva. “Acredito que há uma grande oportunidade na criação da rede de realmente avançarmos nas discussões e garantir que tenhamos um impacto real não só nos nossos países como nas regiões que representamos aqui”, observou Lynes.
Ao final, um diálogo com o diretor do NCDC Índia, Rajan Das, selou a criação da rede como legado e continuidade da conferência. Ele fez uma apresentação com foco nas prioridades em Saúde durante a presidência do país do bloco no ano que vem, como o fortalecimento de capacidades produtivas e a formação de quadros. Ele citou ainda possíveis áreas de cooperação no bloco, como em medicina e saberes tradicionais e em segurança alimentar.
“Nós buscamos não só solidariedade, mas compartilhar forças, aprender com as experiências e parcerias que estamos estabelecendo no âmbito do Brics”, afirmou ele. Rajan Das se comprometeu em dar continuidade ao trabalho da Rede em 2026, quando haverá a primeira reunião da iniciativa.
Fortalecimento das relações
Ao final dos três dias de reunião, o assessor da presidência da Fiocruz para assuntos internacionais e relator-geral da Conferência, João Miguel Estephanio, analisa que foi possível construir relações efetivas entre os representantes dos Brics. ”Nos tornamos amigos, estreitamos nossos laços. Acredito que, assim, conseguiremos avançar em nossos objetivos e trazer benefícios reais para as nossas populações”, concluiu ele.
A expectativa é que as discussões iniciadas esta semana sejam apenas um pontapé para mais trabalhos conjuntos entre os países do bloco e seus parceiros, tendo a Fundação como facilitadora. “A Fiocruz mantém suas portas abertas para recebê-los em momentos futuros. A nossa casa é a casa de vocês”, concluiu a vice-presidente Lourdes Oliveira.
Ainda como resultado da conferência, será criado um ambiente digital onde serão disponibilizadas as apresentações e os documentos finais, como a declaração da Conferência dos INSPs.
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