Setre apoia inclusão da primeira mulher com síndrome de down a se tornar professora de pós-graduação no mundo | Setre-radardasaude

A Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) recebeu a visita de Amanda Lopes, a primeira mulher síndrome de down a se tornar professora de pós-graduação no mundo. Amanda foi contratada como facilitadora-docente na Especialização em Qualificação da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no SUS da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz). A inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho é uma das pautas da Agenda Bahia do Trabalho Decente (ABTD), política pública gerida pela Setre.

Acompanhada por pesquisadoras da ENSP/Fiocruz, Amanda foi recebida pelo secretário da Setre, Augusto Vasconcelos, pai atípico. A contratação de Amanda é inédita, mas está alinhada com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), que determina o direito da pessoa com deficiência ao trabalho, em ambiente acessível, inclusivo e igualdade de oportunidades. 

O secretário da Setre, Augusto Vasconcelos, enfatizou a importância de se ampliar o debate sobre a inclusão das pessoas com deficiência, incluindo o projeto de lei que versa sobre o Emprego Apoiado, que visa criar políticas para a inclusão de pessoas com deficiência ou em risco de exclusão social no mercado de trabalho formal. O projeto tramita no Congresso Nacional.

“Um dos eixos da Agenda Bahia do Trabalho Decente é a inclusão das pessoas com deficiência no mundo do trabalho. Conversamos sobre um projeto que tramita no Congresso Nacional sobre emprego apoiado, que viabilizaria, com mais condições de autonomia, a inserção dessas pessoas no mundo do trabalho, que são pessoas capazes e que precisam de oportunidades, apoio, inclusão, para enfrentar os estigmas na sociedade, que ainda é muito capacitista”, disse Vasconcelos.

Amanda Lopes destacou o avanço inclusivo a partir de sua contratação como professora. “Pela primeira vez, uma pessoa com Síndrome de Down e deficiência intelectual ministrou uma aula em um curso de pós-graduação, representando uma instituição conceituada como a ENSP/FIOCRUZ. Tudo isso só foi possível graças a um processo seletivo justo, igualitário e inclusivo. Senti-me imensamente feliz, ansiosa e determinada por fazer parte dessa equipe. Minhas expectativas foram de muita emoção e, acima de tudo, de ter a oportunidade de estar em um espaço que valoriza a diversidade e reconhece capacidades”, disse.

Emprego Apoiado – “A LBI é maravilhosa, mas, se os direitos não saírem do papel, ela é só bonita de ler”, observa a pesquisadora Laís Costa da ENSP/Fiocruz.Ela explica que, apesar de haver evidência científica de que o emprego apoiado traz bons resultados para a inclusão de pessoas com deficiência intelectual no ambiente de trabalho, existem poucas iniciativas nesse sentido. Além disso, a maioria das medidas parte das famílias ou das empresas, e não são estruturadas pelo estado.

“Estamos acostumados a olhar a pessoa com deficiência intelectual pelo que ela não pode fazer, mas tem coisas que ela consegue muito melhor do que os outros. Essa própria necessidade de um linguajar mais simples, com palavras menos abstratas, produz um espaço de reflexão e tradução no grupo que objetiva a tarefa e produz soluções mais eficazes”, destacou.

Como exemplo, citou as experiências das duas turmas da formação realizadas em Salvador. A turma que teve uma professora com deficiência intelectual optou por desenvolver a solução em linguagem simples. Já a outra turma adotou uma linguagem mais tradicional, acadêmica, que dialoga menos com a população brasileira.

Participaram, também, da reunião a assessora da pauta da pessoa com deficiência da Setre, Marleide Nogueira; o coordenador da Agenda Bahia do Trabalho Descente (ABTD), Álvaro Gomes; o diretor de Relações Públicas da Associação Baiana de Síndrome de Down (Ser Down) e membro autodefensor da FBASD, Álvaro Borges Neto, o Alvinho; a diretora da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD) e coordenadora SerDown Bahia, Lívia Borges; e a psicopedagoga e mediadora do grupo de autodefensoria Nordeste FBASD, Rosângela Régia.